As portas de outrora - o caso das aldrabas

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".
Falar do património identitário de um povo é falar dos seus usos e costumes, dos seus edifícios e objectos, da natureza em que se enquadra, etc. Nesse sentido hoje decidi escrever algumas linhas sobre um objecto, a aldraba, que se encontrava presente nas portas dos nossos antepassados.
Criada com uma função diária (servia para quem chegava à porta de uma habitação anunciar a sua visita), a aldraba tinha ainda outro fim: servia de ferrolho, isto é, é necessário girar a aldraba que fazendo mover uma tranqueta serve para abrir ou fechar a porta
No tempo em que os árabes ocuparam o Algarve, algumas portas podiam ter três aldrabas que simbolizavam que no interior da casa haviam um homem, uma mulher e uma criança. Cada aldraba, segundo o sexo e a idade, tinha um tamanho e som diferenciados.
A aldraba, diferente da "manita que é um batente, representava o contorno da mão de Fatma, a filha do Profeta Maomé, e nesse sentido, possuir tal objecto na porta de entrada da casa era uma forma de defender os seus habitantes dos maus olhados e atrair a sorte.
Hoje as aldrabas foram sendo substituídas por batentes, campainhas e puxadores. Algumas portas modernas possuem imitações quase perfeitas destes objectos que aqui adquirem uma função meramente decorativa.