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Marafações de uma Louletana

Blog sobre Loulé e as suas gentes

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Marafações de uma Louletana

24
Set11

O regresso do Mercadinho

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

A partir de hoje, sábado, 24 de Setembro, e até ao início de Dezembro, a Câmara Municipal de Loulé apresenta mais um ciclo de Outono da iniciativa Mercadinho de Loulé.

 

A Rua D. Paio Peres Correia e o Largo D. Pedro I, no coração da Zona Histórica da cidade, recebe cinco mercados temáticos, aos sábados, das 10h00 às 17h00.

 

Artesanato Tradicional (24 Setembro e 29 Outubro), Artesanato Urbano e Design (1 Outubro e 5 Novembro), Prazeres e Experiências (8 Outubro e 12 Novembro), Reutilização, Reciclagem e Produtos Biológicos (15 Outubro e 19 Novembro) e Antiguidades, Velharias e Coleccionismo e Artes e Livros (22 Outubro e 26 Novembro) são as temáticas propostas.

 

No dia 1 de Dezembro, na Avenida José da Costa Mealha, tem lugar edição final deste Mercadinho de Outono, com a todas as temáticas envolvidas.

 

A entrada é livre.

 

16
Set11

Ilustres Louletanos (XVII) - Maria Aliete Galhoz

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz nasceu em Boliqueime, no ano de 1929. Estudou no Liceu de Faro e licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É editora literária, poeta e ensaísta. Entre 1953 e 1972 foi professora do Ensino Secundário. Colaborou em pesquisas de Literatura Popular Portuguesa, tema sobre o qual publicou inúmeros estudos e fez várias conferências, no Centro de Estudos Filológicos, juntamente com Lindley Cintra e Viegas Guerreiro, no Centro de Estudos Geográficos, e no Centro de Estudos de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa. Tem colaboração dispersa nas revistas "Boletim de Filologia", "Colóquio", "O Tempo e o Modo", "Nova Renascença" e em vários jornais. Colaborou e fixou os textos de "Poemas Esotéricos" de Fernando Pessoa em 1993. No campo da investigação da Literatura Tradicional Oral Portuguesa publicou "Pequeno Romanceiro Popular Português" (1977), "Romanceiro Popular Português" (1998), "Memória Tradicional de Vale Judeu" (1996), "Memória Tradicional de Vale Judeu II" (1998), "Romanceiro do Algarve" (2005). Colaborou na edição de "Povo, Povo, Eu te pertenço" de Filipa Faísca em 2000, bem como num conjunto de volumes subordinados ao tema "Património Oral do Concelho de Loulé" em parceria com Idália Farinho Custódio e Isabel Cardigos. Escreveu três livros de poesia: "Poeta Pobre" (1960), "Décima Quinta Matinal Esquecida - "Acto da Primavera" (1967), "Poemas em Rosas" (1985). Em prosa publicou o livro de contos intitulado "Não Choreis Meus Olhos" (1971). Recebeu a Medalha Municipal de Mérito, grau prata, pela Câmara Municipal de Loulé, em 1994. Foi ainda condecorada com o título Doutora Honóris Causa pela Universidade do Algarve (1966) e com o grau honorífico de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1999).

 

15
Set11

Património Louletano (IX) - Igreja Matriz de Alte

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje voltamos a abordar o património existente no Concelho de Loulé e vamos até Alte, freguesia do interior, uma das aldeias mais rústicas de Portugal, dotada de grandes tradições e rica em belezas naturais e patrimoniais. Destas últimas destaca-se a Igreja Matriz:

 

Do núcleo de imaginária existente na Matriz de Alte, composto por quinze exemplares de madeira, destaca-se a imagem de Santa Margarida. Outrora era o orago de uma pequena ermida situada na freguesia, presentemente em ruínas, no sítio de Santa Margarida.

De referir o dinamismo sugerido pela posição curvilínea do corpo e dos braços da santa e pelo dragão, de cauda agitada e boca aberta. Para além da palma de mártir, sobressai o dragão fantasiado, de grandes dimensões, que está sob os pés da santa, atributo comum aos primeiros evangelizadores de uma região idólatra.

Pelas suas características formais e iconográficas pode inserir-se na época barroca, concretamente no segundo quartel do séc. XVIII, levantando a hipótese de ter sido feito pelo melhor escultor algarvio, o mestre Manuel Martins.

Dona Bona, mulher de Garcia Mendes de Ribadaneyra, 2° senhor de Alte e 1° vidama do Algarve, terá fundado nos finais do século XIII, a igreja matriz, consagrada a Nossa Senhora da Assunção, "em acção de graças por seu esposo ter regressado da oitava cruzada à Palestina " (Isabel Raposo, Alte na roda do tempo, ed. Casa do Povo de Alte, 1995, p. 134).

O templo então construído refere-se seguramente a uma capela particular, que não estava sujeita a jurisdição do Bispo de Silves nem à Ordem Militar de Santiago, detentora do padroado dos templos existentes no termo de Loulé. Só assim se justifica não vir incluída na listagem dos benefícios taxados em 1321, respeitantes a templos localizados no bispado do Algarve.

Na Visitação da referida Ordem, de 1517-1518, é indicado a propósito do templo actualmente correspondente à igreja matriz: " achámos, por informação que disso tomámos, que a dita ermida foi fundada de novo pelos moradores de redor dela e eles a tornaram a fazer de novo como está e se faz à custa deles "(Suplemento da Revista Al'ulya, n° 5, 1996, p. 94).

Em 1534, na Visitação seguinte, continua a ser uma ermida pertencente a freguesia de S. Clemente de Loulé, cujo mordomo, Jerónimo Matoso, é morador na aldeia de Alte ( As Visitações da Ordem de Santiago ás Igrejas do Concelho de Loulé. Ed. SEC.-Faro,1993 ).

Finalmente, em 1554, já é referida pelos Visitadores de Santiago como Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e correspondentemente como sede de freguesia. (Visitação de Igrejas Algarvias da Ordem de Santiago de 1554, Ed. ADEIPA, Faro,1988).

O terramoto de 1755 provocou alguns danos neste templo, que prontamente foram reparados, destacando-se a abertura de dois óculos elípticos no frontispício e a renovação da ornamentação interior de diversas capelas.

A última grande campanha de obras foi realizada em 1829. Os responsáveis tiveram a preocupação de a sinalizar convenientemente, colocando dois algarismos dessa data de cada lado da tarja que remata o portal principal. Vejamos as intervenções então realizadas: no frontispício da igreja - a construção de uma nova empena em massa e a abertura de um janelão emoldurado de cantaria e rematado por um frontão triangular; no interior do templo - o engrossamento com argamassa das arcarias e das colunas, incluindo embasamentos, fustes e capitéis e a colocação de novos retábulos de madeira em diversas capelas.

Inexplicavelmente, o templo que estava a ser concluído em l518, já com três naves, foi reconstruído por volta de 1538, sendo então utilizado o formulário manuelino. Sobrevivem como interessantes testemunhos dessa época a cobertura abobadada da capela-mor "com três arcos e represas de pedraria" e o portal principal "com seu sobrearco e pilares de pedraria (...) e nele uma tarja com uma cruz e os Mistérios da Paixão".

Em 1554 as obras estavam praticamente prontas, faltando somente terminar o campanário, cujo portal de acesso, de verga recta com diversos emolduramentos perspectivados, já utiliza as normas renascentistas. Deste período era também o retábulo da capela-mor, já desaparecido, que constituía um interessante exemplar da talha algarvia, de marcenaria.

As quatro capelas laterais do lado do evangelho foram ornamentadas com talha entre 1751 e 1789, período em que vigorou na região algarvia o formulário Rococó.

Desses retábulos sobressai o da capela do Morgado, em cujo remate se ostenta o brasão dos Condes de Alte. Trata-se do exemplar mais erudito, com planta em perspectiva côncava, estrutura tetrástila com banco, corpo e ático. As colunas têm o fuste compósito e o vocabulário ornamental acusa duas fases distintas, uma com concheados e cabeças de anjos e outra mais tardia, provavelmente resultante de uma intervenção oitocentista.

Os restantes retábulos são mais modestos, parecendo ter sido executados pela mesma oficina, de modesto estatuto. Apresentam planta plana ou recta, estrutura tetrástila mas sem colunas, prolongando-se a talha pelo arco.

Dos nove retábulos que ornamentam as capelas deste templo, somente o de Nossa Senhora do Monte do Carmo se integra na época barroca, tendo sido construído entre 1735 e 1751, período em que vigorou na região algarvia formulário `joanino".

Desconhece-se o responsável pelo risco e pela feitura da talha. Trata-se, no entanto, de um artista farense de muita cotação, provavelmente Tomé da Costa, genro e continuador da oficina de Manuel Martins.

Apesar de se tratar de um exemplar de modestas dimensões, utiliza a tipologia mais frequente no Algarve: planta plana, composição tetrástila com banco, corpo e ático. A ornamentação utiliza principalmente a folhagem de acanto, tratada com exuberância. As colunas têm o fuste compósito, prenúncio da transição para o Rococó.

Num anexo da igreja matriz, onde se expõe um pequeno núcleo museológico de arte sacra, encontram-se duas tábuas maneiristas, que parecem cobrir pintura muito mais antiga. Representam S. Lourenço e S. João Baptista, necessitando ambas de uma urgente intervenção de conservação e consolidação.

Devem ter pertencido ao retábulo outrora existente na capela lateral do lado da epístola, dedicado a S. Sebastião, tendo sido substituídas no século XIX por telas com representações idênticas.

Apesar de se desconhecer a identidade do mestre que as pintou, elas foram seguramente executadas, nos finais do século XVI, por uma oficina local, provavelmente sediada na cidade de Tavira, pois apresentam semelhanças com uma tábua existente na Igreja Matriz de Santiago desta cidade.

O intradorso da capela lateral do lado da epístola, dedicada a S. Sebastião, está revestido com azulejos de superfície lisa, de padrão polícrome, identificados por Santos Simões como exemplares de fabricação sevilhana do último quartel do século XVI, misturados com alguns exemplares da primeira metade do século XVI.

A escadaria de acesso ao púlpito foi revestida com azulejos figurativos reaproveitados da capela de Nossa Senhora do Carmo, provavelmente após o terramoto de 1755.

Os azulejos mais interessantes encontram-se nas paredes laterais e na cobertura da capela-mor. Representam anjos músicos rodeados por nuvens e cabeças de serafins. Foram colocados neste templo na primeira metade do século XVIII, provavelmente pelos irmãos Borges, os principais assentadores.

 

14
Set11

Lendas Louletanas (II) - A Lenda da Castelã de Salir

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Já aqui falamos de Salir, do seu Castelo e de como esta terra louletana está impregnada de vestígios do tempo em que os mouros estiveram por aquelas bandas. Essa ocupação árabe torna Salir numa terra de mouras encantadas e por isso vos trago hoje uma lenda que é bem conhecida por todo o Concelho de Loulé: A Lenda da Castelã de Salir.

 

A vila de Salir, no Algarve, deve o seu nome à filha do alcaide de Castalar, Aben-Fabilla, que fugiu quando viu o seu castelo ameaçado pelo exército de D. Afonso III. Antes de fugir, o alcaide enterrou todo o seu ouro, pensando vir mais tarde resgatá-lo.

Quando os cristãos tomaram o castelo encontraram-no vazio, à excepção da linda filha do alcaide que rezava com fervor que tinha preferido ficar no castelo e morrer a “salir”. De um monte vizinho, Aben-Fabilla avistou a filha cativa dos cristãos e com a mão direita traçou no espaço o signo de Saimão, enquanto proferia umas palavras misteriosas. Nesse momento, o cavaleiro D. Gonçalo Peres que falava com a moura viu-a transformar-se numa estátua de pedra. A notícia da moura encantada espalhou-se pelo castelo e um dia a estátua desapareceu.

Em memória deste estranho fenómeno ficou aquela terra conhecida por Salir, em homenagem pela coragem de uma jovem moura. Ainda hoje no Algarve se diz que em certas noites a moura encantada aparece no castelo de Salir.

 

Nota:

 

1. Retirado do site Lendas de Portugal.

 

 

10
Set11

Património Louletano (VIII) - O Castelo de Salir

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Numa altura em que decorre o "Salir do Tempo 2011" aqui ficam algumas notas sobre o património histórico desta magnífica região do interior louletano. 

 

Em Salir existiu uma povoação rural islâmica, inicialmente uma alçaria não fortificada, com casas dispersas, em contacto directo com campos agrícolas e pequenas hortas e pomares. Da inicial defesa comunitária da povoação (castelo-celeiro, com abundância de silos) surgiu, no período almóada, uma fortificação de taipa, da qual restam apenas quatro torres e panos das muralhas incorporados em construções que lhes sobrepuseram.

Quem chegue ao morro do castelo pela encosta sudoeste depara com a primeira torre, entre os muros de um grande edifício, voltada para uma ruela que acompanharia o exterior da muralha sul. Seguindo por uma estreita rua, para norte, chega-se à segunda torre, designada por Muro Maior (torre albarrã), que se localiza sobre a encosta poente, junto à área onde as escavações arqueológicas pusera a descoberto um tramo de muralha e um conjunto de edifícios dos séculos XII-XIII. Sobre a encosta norte encontra-se outra, num forte declive da rocha e já muito destruída. A nordeste fica a Torre chamada de Alfarrobeira, também construída sobre o forte declive da rocha.

As escavações arqueológicas, em vias de integração museológica, revelaram silos (num total de dez) e canalizações, que terminaram em aberturas na muralha; uma estreita ruela, com 1,80m de largura, também a terminar na muralha; e estruturas habitacionais. Apesar de incompletas (as escavações em pleno centro urbano efectuaram-se apenas num pequeno quintal), pode considerar-se que as casas almóadas de Salir são pequenas, simples e pobres construções de taipa com base de pedra, agrupadas num bairro periférico encostado à muralha poente.

O material arqueológico recolhido abrange uma cronologia entre finais do século XI, inícios do século XII e, sobretudo, dos séculos XII/XIII, quando a povoação se encerra no interior do recinto fortificado.

Os vestígios encontrados revelam uma densa ocupação almóada. Mas a alçaria de Salir é certamente anterior a este período, facto confirmado em prospecções arqueológicas e pelo achado de uma lápide funerária, datada de inícios dos séculos XI (lápide obituária de Ibne Said, que faleceu em 1016), encontrada em terrenos localizados a sul do castelo, onde estaria o cemitério islâmico.

A reconquista de Salir foi consumada (a data é incerta) pelos cavaleiros da Ordem de Santiago, sob o comando de D. Paio Peres Correia, a seguir à conquista de Tavira. Ocupada a povoação (as escavações revelaram restos de armas em camadas de incêndios), e aqui se delineou a estratégia para a reconquista de Faro e de Loulé.

 

Nota:

 

1. Esta informação foi retirada de CATARINO, Helena – O Algarve Islâmico: Roteiro por Faro, Loulé, Silves e Tavira, s.l., Comissão de Coordenação da Região do Algarve, s.d.

08
Set11

Salir do Tempo 2011

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

O Salir do Tempo – Festival de Artes Medievais, evento que desde 2009 anima esta vila do interior de Loulé, vai realizar-se entre 9 e 11 de setembro, ganhando este ano uma nova dinâmica, com enfoque nas artes do período da Idade Média. 

A vila de Salir em meados do século XIII é o palco desta experiência de regresso ao passado que será vivenciada pelos visitantes, através da projeção de elementos vivos de uma época longínqua. 

“Ponto estratégico durante o período da Reconquista, quando a transição do domínio muçulmano para o cristão deu origem às mais variadas demonstrações de força, Salir viveu também momentos intercalados pelas permanentes tentativas de normalização do quotidiano, em que as artes tinham um papel importante na sociedade de então”, recorda a autarquia de Loulé, que promove o evento. 

Transformado num festival de artes, cuja Reconquista nos transporta aos séculos mais importantes da nossa história, o Salir do Tempo marca um período em que as leis da Cristandade, os valentes cavaleiros, a música medieval, os monges copistas e os alquimistas se misturavam em vários mundos dispares aqui recriados neste cenário rural. 

Assim, entre cristãos e muçulmanos, nestes Festival de Artes coabitam músicos, atores e artistas. O programa de animação do Salir do Tempo integra performances musicais e teatrais que visam a contextualização histórica e a criação de um ambiente alegre. 

A música, a dança, a poesia, os cuspidores de fogo e a representação de diversos personagens vão proporcionar momentos de interação lúdica com os espetadores. 

A recriação do mercado medieval, baseado em produtos dessa época, onde vários mercadores presentes com as suas bancas de produtos tradicionais como o mel, cortiça, cestaria ou frutos secos, e os artesãos com os seus ofícios, também faz parte deste cenário. 

Do outro lado, é a cultura muçulmana em destaque, com as dançarinas do ventre, as bancas de bijuteria e acessórios, as djellabas, os cabedais, os espelhos, os cachimbos de água, as pratas, os candeeiros, as especiarias, a tenda de chá, a tatuadora de henna e a tenda de camelos. 

Enquanto forte herança cultural, a gastronomia tem também um papel importante nesta recriação histórica. A base da alimentação do século XIII é apresentada aos visitantes de forma genuína, e os alimentos servidos em tábuas de madeira e as bebidas em copos de barro, de acordo com a «etiqueta» da época. 

E para encarnar as personagens e entrar no espírito da festa, a organização propõe a quem visite o Salir do Tempo o aluguer de trajes da época: miúdos e graúdos terão assim à sua disposição fatos de nobres, gente do povo, representantes da Igreja ou das forças militares de então. 

Quanto à animação musical, estará a cargo de Sharq Wa Garb, interpretando música medieval árabe, no dia 9; Cuarteto Aquitânia, exibindo sons medievais judaico-sefarditas, dia 10; e Trovas D’ Amigo, especializado no repertório medieval galaico-português, dia 11. 

As portas do recinto abrem às 19:00 horas. A entrada é livre.

 

05
Set11

Freguesias do Concelho de Loulé (VI) - Almancil

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje voltamos a falar das freguesias que constituem o concelho louletano e a eleita é Almancil.

 

A sua criação como freguesia reporta-se ao ano de 1836, por Decreto Régio de 6 de Novembro. Almancil, sede social da freguesia, passou à categoria de Vila em 18 de Dezembro de 1987. Localizada no litoral do Concelho de Loulé, debruça-se sobre o Atlântico e ocupa uma extensa orla marítima, onde se relevam as belíssimas praias de areias puras e finíssimas, com águas de temperaturas amena, mediterrânica. No seu desenvolvimento sócio-económico, Almancil cresce a um ritmo que é considerado um dos maiores do Concelho de Loulé e da própria região do Algarve. É um estatuto que lhe é conferido pelo fluxo turístico, que se releva em quantidade e em qualidade, e que por outro lado, lhe advém das enormes poupanças de uma grande parte dos seus emigrantes: na década de 50 / 60, mais de metade se não mais da população de Almancil trabalhava no continente americano, em particular na Venezuela.

De referir também que, desde os tempos mais remotos, a freguesia de Almancil é possuidora de uma riquíssima bolsa de terrenos agrícolas, o Ludo, que se situa entre o mar e o Barrocal e onde se produzem os mais saborosos citrinos de toda a região. Famosa é, também, a sua olaria chegando a admitir-se que os riquíssimos azulejos que adornam a Igreja de São Lourenço foram aqui confeccionados.

Esta Igreja, considerada de uma beleza ímpar e de elevadíssimo valor patrimonial pelos painéis de azulejo, que ostenta, em que nos dá a conhecer a vida e a obra do seu oráculo, o mártir São Lourenço, constitui incontestável ex-líbris. Encontra-se aqui sediado o Centro Cultural de São Lourenço, um pólo de atracção para artistas e apreciadores da arte e da cultura em geral. 

Revestem-se de uma enorme importância os empreendimentos turísticos, nomeadamente a Quinta do Lago e Vale do Lobo, mundialmente reconhecidos tal como as Dunas Douradas e o Vale do Garrão, que conferem à freguesia uma inegável projecção internacional. Almancil tem na prática do Golfe um dos seus maiores atractivos: campo de golfe de "San Lorenzo", Quinta do Lago, Pinheiros Altos e Vale do Lobo são considerados como um dos melhores da Europa. 

As suas infra-estruturas hoteleiras, com os hotéis da Quinta do Lago e Dona Filipa, em Vale do Lobo, e os seus acessos, (a via do infante fica a 5 minutos), são mais-valias para a freguesia. Possui restaurantes de qualidade, dois deles fazem parte do Guia Michelin, e de oferta diversificada em termos gastronómicos. Almancil é, por excelência, uma região comercial e de serviços que cresce diariamente em todas as vertentes. 

De realçar a rara beleza natural que se contempla na área ocidental do Parque Natural da Ria formosa, onde se nos oferecem espécies raras da flora e da fauna. 

O futuro de Almancil será de um desenvolvimento crescente já que é nesta freguesia, mais precisamente em S.João da Venda, que foi construído o Estádio Algarve, recinto que acolheu o Euro 2004 no Algarve para onde estão previstas infra-estruturas inseridas no Parque das Cidades, como o Hospital Central do Algarve, Pavilhão de Congresso e Área Verde.

 

 

02
Set11

O Arquivo Municipal de Loulé

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

O Serviço de Arquivo Municipal foi criado na dependência orgânica do Departamento Administrativo pelo Aviso n.º 1815-A/2005 (2.ª série), Diário da República, n.º 56, de 21 de Março de 2005, Apêndice n.º 38. Este Serviço unificou numa só estrutura, as atribuições, funções e objectivos específicos dos chamados Arquivos Gerais e do Arquivo Histórico Municipal.

As novas instalações do Arquivo Municipal foram inauguradas por Sua Excelência o Presidente da República, na presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Loulé, no dia 4 de Agosto de 2007.

A infra-estrutura arquivística foi construída no interior das fachadas de um edifício com história. No início do século XIX serviu de aquartelamento aos 25 homens da guarnição francesa que, a 18 de Junho de 1808, se renderam ao Major José da Costa Leal e Brito.

Já no século XX teve diferentes usos, designadamente enquanto sede do Sindicato Nacional dos Sapateiros do Distrito de Faro e Escola Primária. A 7 de Julho de 1993, quando servia ao comércio de empreita, palma e chapéus, foi destruído por um incêndio.

O novo edifício teve o apoio da Direcção Geral de Arquivo (ex-IAN/TT), no âmbito do PARAM, em resultado do Acordo de Colaboração celebrado a 2 de Outubro de 2001 entre aquele organismo e a Câmara Municipal de Loulé, também contou com financiamento do PROAlgarve.

O Arquivo Municipal passou assim a oferecer instalações modernas e funcionais aos investigadores e aos Serviços da Câmara.

Os 4 depósitos localizados na cave, no rés-do-chão e no 1.º andar, têm capacidade para 4.521 metros de documentos, controlo individual e remoto de temperatura e humidade e protecção contra fogos através do sistema de extinção INERGEN.

No 1º andar, a Sala de Leitura dispõe de 13 secretárias individuais.

Há ainda diferentes espaços para actividades de âmbito educativo e cultural.

Também os documentos de valor administrativo de utilização menos frequente que estavam depositados um pouco por todo o edifício da Câmara Municipal de Loulé são agora preservados, organizados e comunicados em instalações planeadas para responderem às necessidades específicas dos arquivos. Igualmente a incorporação dos documentos do até então existente Arquivo Histórico foi de capital importância para a salvaguarda do seu espólio.

No que respeita à documentação mais antiga, Loulé possui um rico acervo documental, tanto pela raridade de alguns dos seus documentos, como pela antiguidade e sequência temporal das séries, destacando-se as Actas de Vereações (desde 1384), Correspondência (desde 1761), Tombos e Inventários (desde 1738), Autos de Arrematação (desde 1530), Receita e Despesa (desde 1375), Impostos (desde 1469), Eleições (desde 1559), Justiça (desde 1438), Actividades Económicas (desde 1412), Expostos (desde 1703), Juiz dos Órfãos (desde 1406), tal como documentação oriunda do Administrador do Concelho de Loulé, das Corporações Religiosas, das Sociedades Recreativas e dos Sindicatos sediados em Loulé.

 

Morada:
R. Cândido Guerreiro, s/n. 8100-681 Loulé

 

Horário de Funcionamento:

Segunda a Sexta

9h00-12h30 e 14h00-17h30

 

Telefone:
289 400804


01
Set11

Festival Didgeridoo FATT 2011

Lígia Laginha

 

 

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

De 1 a 3 de Setembro, a Associação Portuguesa de Didgeridoo volta a organizar o Festival de Didgeridoo – FATT 2011. Este evento será a 9ª edição e mantêm o Didgeridoo como cerne deste evento, assim como as culturas do mundo, principalmente a cultura Yolŋu – Aborígene Australiana.

Será novamente na Aldeia do Ameixial, concelho de Loulé.

A edição anterior foi considerada um dos melhores eventos de Didgeridoo da Europa, os objectivos foram superados e as criticas do público foram óptimas.

A abertura do festival decorrerá a 1 de Setembro à noite com performances de fogo de Mark Juggler ( Crowlin Circus ) e jam sessions. As principais actuações serão no dia 2 e 3. Além dos concertos o evento é repleto de master-class, workshops e outras actividades para todo o público, dinamizadas por excelentes professores e monitores, para quem deseja aprofundar conhecimentos em diversas áreas.

No recinto do festival terá artesanato local e internacional, destacando a venda de vários instrumentos.  Com o objectivo de continuar a oferecer a melhor qualidade aos nossos visitantes, o recinto do evento foi melhorado e o parque de campismo terá mais condições para oferecer.

 

Nota:

 

1. Para quem não sabe o que é o Didgeridoo:

 

Didgeridoo é um instrumento musical de sopro, consistindo de um tubo oco, geralmente de madeira. Normalmente tem forma cilíndrica ou cónica, de comprimento variável. O som varia conforme o tipo de material, comprimento, espessura, diâmetro, forma e técnica de tocar. Funciona como um amplificador, mas também altera os sons provocados pelos lábios, língua cordas vocais, bochechas, palato, glote, diafragma, etc. São incontáveis as variações sonoras que podem ser criadas. 
Pode ser construído a partir de vários materiais como: bambu, madeira, agave, tubo de PVC, vidro, plástico, papelão, couro, cerâmica, etc. Pode ser feito de qualquer material que possa, natural ou artificialmente, tornar-se um tubo rígido. O Povo Yolngu utiliza tradicionalmente o eucalipto, visto que existem térmitas que tornam naturalmente ocas estas árvores. Este fenómeno existe apenas em algumas regiões da Austrália com um ecossistema particular.

Uma das lendas que contam a Origem do Didgeridoo:
"No início, tudo era frio e escuro. Bur Buk Boon ia preparar madeiras para o fogo, a fim de levar a protecção do calor e da luz para a sua família. Ao procurar madeira para a fogueira, Bur Buk Boon reparou num tronco oco e uma família de térmitas que o ocupava. Como não queria ferir as térmitas, Bur Buk Boon soprou para o interior do tronco. As térmitas foram lançadas em direcção ao céu nocturno, tornando-se nas primeiras estrelas a iluminar a paisagem. É devido ao movimento arqueado de Bur Buk Boon que distinguimos hoje a Via Láctea. Foi esta a primeira vez que o som Didgeridoo abençoou a Mãe Terra, protegendo-a com este som vibrante para a Eternidade..."

Acredita-se que o Povo Yolngu é a mais antiga das culturas existentes actualmente. Ainda hoje transmitem cuidadosamente algumas das suas tradições mais ancestrais, em geral sob a forma de canções e histórias. Muitas destas são acompanhadas por um Didgeridoo, que não só serve como acompanhamento musical, mas que transmite ainda uma camada adicional de significado aos rituais em que se utiliza.

A maioria dos estudiosos do assunto considera que a palavra "Didgeridoo" é uma onomatopeia (palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada), inventada por ocidentais. Mas alguns consideram possível que seja uma derivação de duas palavras irlandesas: dúdaire ou dúidire, que tem vários significados, como "corneteiro", "fumante inveterado", "soprador", "pescoçudo", "abelhudo", "aquele que cantarola", "cantor de canções populares com voz macia e aveludada", e a palavra dubh, que significa "negro", ou duth, que significa "nativo".

Na Austrália, há pelo menos 45 sinónimos para o nome Didgeridoo, dependendo da tribo ou da região. Estão entre esses sinónimos: bambu, bombo, kambu e pampuu, todos directamente se referindo a bambu, o que indica, entre outros estudos, que os primeiros Didgeridoos eram feitos de bambu. Há outros sinónimos que, na linguagem dos aborígenes, também têm alguma relação com bambu: mago, garnbak, illpirra, martba, jiragi, yiraki e yidaki, sendo esses dois últimos os nomes mais usados para Didgeridoo pelos aborígenes australianos.

A palavra ocidental Didgeridoo, sendo uma onomatopeia, pode ser escrita de diversas formas: didjeridu, didjeridoo, didgeridu, bem como as formas abreviadas didge, didj, didg...
Os povos Aborígenes utilizam diversos nomes específicos para cada tribo, clã ou região, tais como: yidaki, yedaki, yiraki, yiraga, yili-yiki, ulpirra, ilpirra, uluburu, kanbi, ganbi, ganbag, djalupi, djalupun, gunbark, mako, larwah, aritjuda, gurrmurr, lidding, džalubbu, ngorla, morlo, wuyimbarl, morle, dawurr, eboro, gurulung, kalumbu, yiraka, aritjuda, o-mol, garnbak, martba, jiragi, ngarrriralkpwina, yirtakki, wuyimba, artawirr, djibolu, martba, kurmur, ngaribi, paampu, bambu, entre outros.

 



30
Ago11

Lendas louletanas (I) - A Lenda da Moura Cassima

Lígia Laginha

 

Boa tarde caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

A etnografia é uma das partes mais importantes da cultura de um povo. Dessa etnografia fazem parte lendas e mitos que durante gerações se foram perpetuando. Hoje este blog marafado inaugura uma nova rúbrica que tem por objectivo dar a conhecer um pouco mais da etnografia das gentes louletanas. Loulé é uma terra de mouras encantadas e de entre estas a mais famosa é Cassima:

 

Esta lenda passa-se em 1149, na véspera da reconquista de Loulé aos Mouros pelo Mestre D. Paio Peres Correia
Loulé estava sob domínio dos mouros e seu governador tinha três belas filhas Zara, Lídia e Cassima que era a mais nova.

Quando D. Peres se encontrava no exterior da muralhas da cidade pronto para conquistar a cidade, o governador levou as suas filhas até uma fonte onde as encantou, com o objectivo de as preservar de um possível cativeiro. Contudo o governador nessa noite conseguiu fugir para Tânger deixando as suas filhas para trás.

Mas este não conseguia viver feliz ao pensar na pouca sorte das suas pobres filhas. Até que num certo dia apareceu em Tânger um “carregamento” de escravos vindos de Portugal onde se encontrava um homem de Loulé, que o governador não hesitou em comprar.

Já no palacete o mouro perguntou ao Carpinteiro se ele não gostaria de voltar para perto da sua família, este sem perder um segundo disse que sim. Logo o mouro pegou num alguidar cheio de água dizendo ao louletano para ele se colocar de costas para o alguidar e saltar para o outro lado, prevenindo-o que se caísse dentro da água iria-se afogar no oceano, dando-lhe 3 pães (pães esses que continham a chave para o desencantamento das mouras) diz-lhe o que fazer com eles a fim de libertar as suas lindas filhas do encantamento a que foram sujeitas. O carpinteiro salta e como num passe de mágica chega a sua casa abraçando a sua mulher, logo de seguida ele vai até um canto da casa e esconde os 3 pães dentro de um baú.

Passado algum tempo mulher descobre os pães e fica desconfiada por ele estarem escondidos, então ela pega numa faca afim de ver se há alguma coisa dentro deles, espetando a faca num de imediato ela ouve um grito e as suas mãos enchem-se de sangue vindo do interior do pão.

Na véspera de S. João (dia para o encantamento ser quebrado) o carpinteiro estava indiferente à animação pois só pensava em cumprir a promessa por ele feita ao ex-governador, logo que pode pegou nos pães e foi até fonte. Chegando a altura certa este atira o 1º pão para a fonte e grita por Zara, a mais velha das irmãs e uma figura feminina sobe no espaço e desaparece diante dos seus olhos. Logo de seguida atira o 2º e grita por Lídia volta a aparece-lhe outra bela rapariga que desaparece no ar diante dele. Por fim atira o 3º e grita pela filha mais nova do ex-governador, nada acontece, ele volta a grita por Cassima e uma jovem moura aparece-lhe agarrada ao gargalo da fonte, que lhe diz que não pode sair dali devido a curiosidade da sua esposa. Ele pede-lhe desculpa em nome da sua pobre mulher, esta diz que a perdôa e que tem uma coisa para a mulher deste pois jamais poderá sair daquela fonte e atira um cinto bordado a ouro para as mãos do carpinteiro, enquanto desaparece no interior da fonte…

No caminho o Carpinteiro para ver melhor a beleza do cinto coloca-o em redor de um troco de um grande carvalho, mas de imediato a arvore cai por terra, cortada cerce pelo cinto fantástico.

Benzendo-se e rezando o carpinteiro compreende tudo: Cassima dera-lhe o cinto apenas para se vingar! Sua mulher ficaria cortada ao meio, como o carvalho gigantesco!…

Este correu para casa abraçou a mulher e nessa noite não consegui pregar olho com medo que a moura ali aparece-se, mas isso nunca aconteceu. Tal como a moura Cassima lhe dissera não mais poderia sair da fonte. Apenas por vezes, segundo se diz – principalmente nas vésperas de S. João – ela consegue agarrar-se ao gargalo da fonte, e mostrar sua beleza, e chorar a sua dor aos que se aventuram por até lá….

 

Nota:

 

1. Retirado do site "Lendas de Portugal"

 

2. A imagem apresentada intitula-se "Moura Cassima" e consiste num acrílico sobre tela da autoria do jovem algarvio João Espada.