Património Louletano (I) - A Ermida da Nossa Senhora da Piedade

Bom dia caros visitantes do “Marafações de uma Louletana”.
Hoje este singelo blog inaugura uma nova rubrica que diz respeito à dimensão patrimonial do Concelho de Loulé. Porque as terras louletanas são também ricas em património, sobretudo religioso, e mais uma vez o objectivo da marafada louletana é dar a conhecer um pouco das valências desta linda terra que é Loulé.
E porque no próximo Domingo terá lugar a Festa Pequena em honra da Nossa Senhora da Piedade, acontecimento já referido nesta blog, começamos por elucidar os nossos visitantes sobre a Ermida de Nossa Senhora da Piedade. É certo que à alguns anos foi construído um novo santuário para a padroeira de Loulé, no entanto, o “Marafações de uma Louletana” centrar-se-á na “velha” capela por ser pelos louletanos a eterna “morada” da Mãe Soberana.
Tendo por base as “Visitações da Ordem Militar de Santiago” de 1565 podemos saber que a Ermida de Nossa Senhora da Piedade foi construída em 1553. O lugar escolhido para a sua edificação foi o alto de um cerro que estava próximo do aglomerado urbano.
Nos finais do século XVI, o padroado deste templo passa para a Câmara de Loulé e esta edilidade assumiu a responsabilidade de organizar a festa principal que teria lugar na “segunda-feira depois das oitavas da Páscoa”.
O retábulo original da capela mor manter-se-á ao culto até princípios do século XVIII, altura em que Filipe Peixoto de Moura, como Reitor da Confraria de Nossa Senhora da Piedade, optou pela feitura de um novo retábulo em talha cuja realização ficaria a cargo do entalhador algarvio Gaspar Martins. Este retábulo seria destruído pelo terramoto de 1755, que destruiu também parte da ermida, nomeadamente a capela mor. Nos anos seguintes foi construída uma nova capela mor onde se encontra o actual retábulo de talha. Este retábulo foi construído em 1760 e a sua feitura é atribuída ao entalhador louletano João da Costa Amado. O douramento teve lugar quatro anos depois e será obra de Diogo de Sousa e Sarre.
As últimas obras de reconstrução ocorreram nos finais do século XIX com a reformulação da fachada principal.
No tecto da Ermida podemos ver um dos seis exemplares de tectos pintados com composições de perspectiva arquitectónica existentes no Algarve. A sua autoria pertence também a Diogo de Sousa e Sarre. Um interessante painel de azulejos de padrão ou de tapete percorre o lambrim desta ermida. As paredes laterais da capela mor e da nave foram ornamentadas nos finais do século XIX com dez painéis pintados sobre estuque com Cenas da Paixão de Cristo. Esta obra terá sido levada a cabo por José Porfírio, pintor de Faro.
Quanto à imagem de Nossa Senhora da Piedade esta mede 90 cm x 40 cm, medidas inseridas no formulário maneirista. Foi provavelmente executada por um imaginário farense nos finais do século XVI ou nos princípios do século XVII. Em 1764 Diogo de Sousa e Sarre estofou a imagem da padroeira.
Hoje em dia a Ermida foi alvo de novo restauro e existe uma réplica da imagem da Mãe Soberana presente no novo Santuário.
Nota:
1. A informação aqui contida baseia-se em dados fornecidos pelo Dr. Francisco Lameira, especialista em arquitectura e arte religiosa e com várias obras publicadas sobre o tema.
2. Muito mais haveria a dizer mas este blog pretende dar a conhecer um pouco dos aspectos mais relevantes sobre Loulé e as suas gentes e faz uma abordagem ligeira sobre cada temática. Quem tiver interesse pode sempre procurar saber mais.