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Marafações de uma Louletana

Um espaço dedicado a Loulé e às suas gentes!

Marafações de uma Louletana

Um espaço dedicado a Loulé e às suas gentes!

Artes de antigamente – O caldeireiro e latoeiro

17.11.23, Lígia Laginha

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Olá caros visitantes do “Marafações de uma Louletana”.

Desde tempos ancestrais que se recorreu ao uso de delgadas folhas de cobre e latão na confecção de vasilhame diverso. Esta utilização foi o ponto de partida para o desenvolvimento da arte da latoaria e da caldeiraria.

Até à chamada “idade do plástico”, estas actividades conheceram uma evolução tecnológica e expansão idêntica à de outros ramos da produção artesanal. Contudo, e ainda antes do advento do plástico, a generalização da fundição industrial de alumínios e da moldagem de recipientes em aço, inox e outras chapas metálicas, seria o primeiro percalço a atingir estes artesãos. A partir de meados do século XX, caldeireiros e latoeiros viram diminuir de forma drástica as solicitações de trabalho em consequência da utilização do plástico nos mais diversos tipos de recipientes.

Apesar deste revês, alguns artesãos persistiram nas suas funções e viraram-se sobretudo para o turismo.

 

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Por terras louletanas, esta arte não só é ancestral, como segundo Pedro de Freitas, na obra “Quadros de Loulé Antigo”, os artesãos louletanos “desenvolveram a sua manipulação sem soldadura nos remates e nos fechos das peças”, característica que conferia ás peças produzidas em Loulé um aspecto peculiar e mais refinado.

Durante muitos anos, em Loulé, esta tradição artesanal perdurou pelas mãos de Ilídio António Marques, o Mestre Ilídio, infelizmente já falecido. Com oficina na Rua da Barbacã, Ilídio Marques martelava o cobre com perícia e dava forma a peças com um fim prático ou meramente decorativo. Segundo o próprio Ilídio, a sua relação com o cobre começara cedo ajudando o pai no ofício. Assim se tornou caldeireiro e caldeireiro foi até que a morte inesperadamente o tolheu.

Recebeu diversos prémios pela sua arte e até a visita de Manuel Maria Carilho enquanto Ministro da Cultura.

 

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Com o falecimento de mestre Ilídio, a produção de caldeiraria e latoaria em Loulé conheceu tempos dificeis e quase se extinguiu. No entanto, graças à ação da Câmara Municipal e ao projeto "Loulé Criativo", os sons do martelar no cobre e no latão que por longos anos se ouviram na cidade de Loulé, foram reactivados com a abertura da “Oficina de Caldeireiros“, no mesmo espaço onde funcionara a “Caldeiraria Louletana” com o mestre Ilídio. A recuperação de um ofício perdido para a cidade foi possível porque Analide Carmo, mestre aos 26 anos, depois de 14 de aprendizagem na “Caldeiraria Barracha”, uma das mais conceituadas na cidade, se prestou a transmitir o seu saber, após 35 anos de interregno. Este espaço acolhe actualmente quatro caldeireiros que produzem manualmente tachos, cataplanas, pulseiras, candeeiros, entre outros. Podem saber mais sobre o projecto Loulé Criativo aqui.

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Também no Polo da  Cozinha Tradicional, situado na Alcaidaria do Castelo de Loulé, podem ser vistas algumas peças em cobre que são o exemplo desta “arte de antigamente”.

Visitem e apreciem.