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Marafações de uma Louletana

Blog sobre Loulé e as suas gentes

Blog sobre Loulé e as suas gentes

Marafações de uma Louletana

31
Mai11

A arte de bem falar algarvio (VI)

Lígia Laginha

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje a marafada traz-vos mais umas quantas palavritas do nosso "algarviês" para quando se deslocarem à nossa santa terrinha compreenderem o que a gente diz.

 

Cá vai disto:

 

Algarviada: Lavajado

Sinónimo: Todo sujo

 

Algarviada: Escangalhar

Sinónimo: Desmanchar ou desfazer

 

Algarviada: Escarapanudo

Sinónimo: Animal pouco meigo

 

Algarviada: Afoita

Sinónimo: Pessoa sem medo

 

Algarviada: Entretenga

Sinónimo: Distracção

 

Algarviada: Escalfado

Sinónimo: Cansado, fatigado.

 

Nota:

 

1. Mais uma vez as algarviadas aqui apresentadas e muitas mais foram retiradas dos dois volumes de "Algarviadas" da autoria de António Vieira Nunes. A marafada recomenda vivamente estes livrinhos.

30
Mai11

A Maria das Bananas

Lígia Laginha

 

 

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Como sabem todas as terras que se prezem têm as suas figuras "típicas", ou melhor, atípicas e que sobressaem exactamente pela sua singularidade. Certo é que estas perduram na memória de quem as conheceu e em muitos casos tidas como “loucas” são as mais castiças da época e do local de que fizeram parte.

 

Uma dessas figuras foi a chamada Maria das Bananas.

Mulher destemida que calcorreava a então vila de Loulé nas décadas de 70 e 80. Apelidada de Maria das Bananas por ter tido uma banca de fruta no Mercado Municipal de Loulé, vulgo Praça, era dona de um buço expressivo e metia medo aos mais audazes.

Muitos acreditavam que a Maria das Bananas era possuída por espíritos na medida em que sempre vociferando pelas ruas louletanas umas vezes o fazia com uma voz aguda, outras com uma voz grave quase masculina.

A Maria das Bananas destacava-se também pela forma garrida com que se vestia, sendo que o vermelho predominava nas suas indumentárias exuberantes. Quase sempre com o cigarro na boca ou na mão não passava despercebida a quem quer que fosse.

Não sei ao certo quando faleceu a Maria das Bananas mas já foi há alguns anos. Ainda esteve algum tempo num lar antes de partir. Morou numa rua perto das Bicas Velhas e pouco mais posso dizer.

Fica uma fotografia que por acaso encontrei na net para testemunhar as poucas palavras que escrevi sobre esta mulher que ficará para sempre guardada algures na memória dos louletanos.

 

29
Mai11

Ilustres Louletanos (VIII) - José Cavaco Vieira

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje voltamos a homenagear quem na nossa terra se destacou e o ilustre louletano escolhido foi: José Cavaco Vieira.

 

Agraciado pela Câmara Municipal de Loulé com a Medalha Municipal de Mérito - Grau Prata, em 1993, José Cavaco Vieira nasceu em Alte, em 1903. Um apaixonado pela cultura local, nos anos 30 e 40 dedicou-se a lançar as bases de uma etnografia popular, participada pelas populações locais e baseada em princípios científicos sérios de recolha e divulgação. Estudou em Lisboa, onde tirou o curso de Guarda-Livros e aprendeu línguas (francês e inglês). Foi presidente da Junta de Freguesia muitos anos e funcionário da Caixa Agrícola mais de três décadas. Foi membro fundador do Grupo de Amigos de Alte, que por sua vez criou o jornal "Ecos da Serra", em Dezembro de 1967, para apoiar moralmente os soldados no Ultramar e emigrantes. Neste jornal escreveu inúmeras crónicas, na célebre rubrica "Conversando", discorrendo sobre a etnografia, a política, a ecologia, a religião, a literatura e a biografia popular. Da sua visão artística e ecológica nasceram em Alte a escultura camoniana da Fonte Grande e também o Cristo de madeira que expôs em sua casa. José Cavaco Vieira sabia ainda tocar viola e violino. Faleceu na sua aldeia natal em 2002.

Em 23 de Novembro de 2003, no âmbito das comemorações dos cem anos do seu nascimento, foi inaugurada, em Alte, uma escultura em homenagem a José Cavaco Vieira da autoria de Fernanda Assis e Marcílio Campina.

 

28
Mai11

Freguesias do Concelho de Loulé (I) - Tôr

Lígia Laginha

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje este blog marafado inaugura mais uma rúbrica que visa dar a conhecer as freguesias que constituem o nosso Concelho.

E a marafada decidiu começar por uma das mais novas freguesias, a Tôr. Segundo o site da Câmara Municipal de Loulé:

 

" Criada pelo Decreto-Lei nº 32/97, a nóvel freguesia da Tôr, resultante da divisão da freguesia de Querença em duas partes, dista de Loulé cerca de 7 km e situa-se no centro do Algarve. A divisão da freguesia de Querença era tradicional, com a Parte de Cima a corresponder à povoação de Querença e zonas limítrofes, e a Parte de Baixo a corresponder à povoação da Tôr e áreas adjacentes. Tal divisão sempre foi feita e reconhecida, desde tempos imemoriais, pela Ribeira da Benémola até à Ribeira das Mercês, seguindo-se nessa confluência uma linha direita, para sul, até ao limite da freguesia de São Clemente. A nascente dessa linha é a chamada Parte de Cima, ou seja, Querença; a poente da mesma linha fica a Tôr, desde sempre designada por Parte de Baixo. Há longos anos que os habitantes da Tôr aspiravam a que a sua localidade passasse a sede de freguesia. Já em 1931 foi esta velha aspiração assunto de debate nas Assembleias das Freguesias de então, tal como se comprova através da acta da Junta de Freguesia de Querença, datada de 21 de Fevereiro de 1931.

A agricultura, a indústria, o artesanato e o comércio formam a componente da vida económica da freguesia. A economia local, que antes se apoiava no sector agrícola com predominância nos frutos secos e produtos hortícolas, difruta agora de um novo panorama. A população jovem tem os seus empregos na cidade de Loulé e em Quarteira, Almancil, Vale de Lobo e Quinta do Lago, bem como na fábrica de cerâmica e nos estabelecimentos comerciais e industriais situados na localidade. Tem ainda a Tôr uma enorme riqueza subterrânea, pois encontra-se situada sobre um dos maiores aquíferos da Europa. A Tôr é dos principais abastecedores de água à cidade de Loulé.

No domínio do património cultural, são aspectos dignos de destaque e bem característicos da Tôr os moinhos de vento, os lagares, as noras, as eiras, os açudes, as minas de cal e de gesso e as grutas."

 

A esta informação se pode juntar que as povoações pertencentes à freguesia da Tôr são, para além da povoação da Tôr propriamente dita, as seguintes: Funchais, Barcalinho, Cerro das Covas, Carrasqueira, Fojo, Vendas Novas de Tôr, Vicentes, Monte Guiomar, Pasmora, Monte das Figueiras de Baixo (não confundir com o Monte das Figueiras de Cima que pertence a Querença), Figueira de Baixo, Andrezes, Castelhana, Nora, Ponte da Tõr, Olival, Morgado da Tôr, Nergal, Mesquita e Gemica.

 

Na freguesia de Tôr existem diversos edifícios de património arquitectónico, os mais importantes são: Igreja matriz de Tôr, Cruzeiro, Ponte da Tôr (que até há muito pouco tempo se julgava romana mas não é), Casa acastelada e o Casarão do Morgado.

 

Na freguesia produzem-se diversos objectos de artesanato, os mais importantes são cestos de cana e verga e empreita de palma.

 

A freguesia de Tôr, apesar da sua pequenez possui um rica gastronomia: As principais especialidades gastronómicas são: Pápas de Milho, Ensopado de Galo, Cachola de porco, Jantares de grão de bico, Doces de figo e doces de amêndoa, filhós e folar de Páscoa.

 

As principais coletividades da freguesia de Tôr são: Associação de Caçadores e Agricultores da Tôr, Associação Social e Cultural de Tôr, Sociedade Recreativa Torense, Clube de Jovens de Tôr - Ghost Boy Club.

 

Nota:

 

1. A informação aqui apresentada foi retirada do site da Câmara Municipal de Loulé e da Wikipédia.

 

2. Visitem a Tôr e não se vão arrepender!

27
Mai11

O Centro Cultural de São Lourenço

Lígia Laginha

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje este blog marafado decidiu homenagear um dos centro de cultura e arte do nosso belo Concelho.

 

Agraciado com a Medalha Municipal de Mérito Grau Ouro pela Câmara Municipal de Loulé em 1995, este Centro Cultural situa-se na localidade de S. Lourenço, em Almancil. Nesta pequena localidade foi fundado a 7 de Março de 1981 por uma iniciativa privada de um casal Franco-Alemão, Volker e Marie Huber.

Trata-se de uma galeria de arte de renome internacional que tem sido desde há várias décadas espaço acolhedor para alguns dos mais conceituados artistas plásticos, poetas e músicos, nacionais e estrangeiros, entre os quais se destacam: José de Guimarães, João Cutileiro, ou Günter Grass, Prémio Nobel da Literatura.

Ao longo destes anos de actividade, o Centro Cultural foi palco de inúmeras exposições de arte contemporânea e concertos musicais, sendo visitado por milhares de turistas nacionais e estrangeiros.

Este espaço fica localizado a cerca de cem metros da Igreja de São Lourenço, num conjunto arquitectónico de inegável beleza, que soube conjugar a divulgação da arte contemporânea com a preservação da arquitectura tradicional algarvia.

 

 

Nota:

 

1. No momento em que se publica este post, o Centro Cultural de São Lourenço acolhe a mostra "Holanda a Sul", uma exposição que reúne os trabalhos de quatro artistas holandeses com ligações fortes ao sul de Portugal.

 

2. Visitem!

 

26
Mai11

"Horizontes do Futuro" traz António Costa Pinto a Loulé

Lígia Laginha

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

O post de hoje é meramente informativo por isso vou fazer um copy past do jornal "Barlavento":

 

"António Costa Pinto vai estar no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Loulé, no dia 26 de maio, às 21h30, para apresentar mais uma conferência inserida no ciclo “Horizontes do Futuro”.

“Crise e Qualidade da Democracia em Portugal” vai ser o tema desta apresentação, em que este politólogo se irá debruçar sobre uma matéria que está na ordem do dia no país. 
Num período de crise política, económica e social, com eleições antecipadas, o papel dos políticos, da Política e da própria democracia está a ser questionado por vários quadrantes da sociedade.

António Costa Pinto é professor no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Nasceu em Lisboa em 1953. 
É Doutorado pelo Instituto Universitário Europeu (1992, Florença). Foi Professor Convidado na Universidade de Stanford (1993) e Georgetown (2004), e Investigador Visitante na Universidade de Princeton (1996) e na Universidade da California- Berkeley (2000 e 2010). 
Foi presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política. As suas obras têm incidido sobretudo sobre o autoritarismo e fascismo, as transições democráticas e as elites políticas, em Portugal e na Europa.

É autor de mais de 50 artigos em revistas académicas portuguesas e internacionais. Foi consultor científico do Museu da Presidência da República portuguesa e tem colaborado regularmente na imprensa, rádio e televisão."

 

Nota:

 

1. Não faltem!


25
Mai11

Artesanato do Concelho de Loulé (I) - A empreita

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje este blog marafado dá-vos a conhecer um pouco do artesanato e das artes manuais do Concelho de Loulé. E decidiu começar por vos apresentar a empreita de palma. Um forma de sustento em tempos dos meus avós, a empreita é hoje vista como uma arte praticada por poucos e uma atractivo turisto.

 

A empreita, feita à base de palma, possui diversas fases:

Os ramos de palma são, primeiro, postos a secar. Parecem pequenos leques que, depois, hão de ser rasgados com o polegar, separando cada fina folha da palmeira anã.

Posteriormente a palma é demolhada para que não quebre ao ser entrelaçada. Ao demolhar segue-se a sua colocação em enxofre para ser clareada ou, para certos efeitos, tingida.

Depois começa então a confecção da empreita propriamente dita. A empreita consiste no entrelaçar das folhas de palma formando tiras que vão sendo enroladas e depois, quando unidas, formam então as alcofas.

Normalmente, sentadas em pequenas cadeiras deatabua, com um molho de palma enrolado num trapo velho humedecido, as mulheres faziam empreita escolhendo com arte cada folha, ripando as mais largas com os dentes para que a tira fosse sempre crescendo certinha.

Para cozer a empreita, ou seja, unir as diversas tiras, era feita a "baracinha". A baracinha consiste igualmente no entrelaçar das folhas de palma até formar uma espécie de "linha" depois utilizada, através de uma agulha de cobre, para ir cozendo a empreita e dando forma aos "sacos", alcofas", balaios, etc.

 

Segundo a wikipédia:

 

" A empreita de palma surgiu com a necessidade de embalar figos, amêndoas e alfarrobas para o seu transporte; passou, então, a ser utilizada noutros objectos quotidianos, na pesca, e com propósitos decorativos. A esteira popularizou-se devido à lacuna de mobiliário nas habitações mais humildes.

Originalmente, a matéria prima provinha do interior Algarvio, embora actualmente, devido à escassez da planta nesta região, as folhas de palma começaram a ser importadas do Sul de Espanha, aonde a produção de palma foi transformada em indústria.

Actualmente, a empreita é efectuada quase totalmente com propósitos decorativos, sendo uma das atracções turísticas na região. Verifica-se, igualmente, uma maior diversidade de materiais utilizados na empreita, como os plásticos e outros materiais reciclados."

 

Nota:

 

1. E pronto aqui foi contada uma pequena história sobre a empreita e o artesanato do nosso Algarve.

 

2. A marafada lamenta que estas e outras tradições se estejam a perder e apela para que os mais jovens se preocupem não só com o seu passado como procurem aprender, conhecer e preservar as suas tradições.

 

24
Mai11

Património Louletano (III) - O Palácio Gama Lobos e a Igreja de Sant´Ana

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje este blog marafado dá-vos a conhecer mais um pouco do património existente na Cidade de Loulé. E desta vez os eleitos foram o Palácio Gama Lobos e a I greja de Sant´Ana. Fica o aviso desde já que este é um tema polémico, na medida, em que ainda há muitas questões que se prendem com teorias genealógicas e outras. Neste sentido, a marafada louletana apenas deixará uma súmula sobre o assunto, súmula essa feita a partir da consulta de alguma documentação que é tida como a mais coerente. Atempadamente peço desculpa por alguma inconformidade que os mais entendidos possam encontrar e apelo a que partilhem os vossos conhecimentos aqui com o "Marafações de uma Louletana".

 

E assim sendo:

 

Uma lápide de pedra colocada na sacristia da Igreja de Sant´Ana atesta que a mesma terá sido edificada em 1725 pelo Padre João da Costa Aragão, filho do Tenente-Coronel Diogo Lobo Pereira, governador da Praça de Loulé. Ao que consta, o chamado “Solar dos Lobos” só foi iniciado cinquenta anos mais tarde pelo Capitão-Mor Manuel José da Gama Lobo Pessanha, filho de Nuno Mascarenhas Lobo e neto do referido Diogo Lobo Pereira.

Devido a divergências com o Juiz-de-Fora pouco depois do seu início a obra foi embargada e só quase cem anos depois é que o solar foi concluído por António José de Matos Mexia Costa.

Outra lápide, desta feita colocada no lado direito da Igreja, permite saber que em 1875 a Capela foi retocada através de dádivas de D. Maria Augusta Sovereira Zuzarte (prima e herdeira do último descendente dos Gama Lobo, Sebastião Alexandre da Gama Lobo) e e que entre 1891 e 1893 foi completamente renovada por devoção de António José de Matos Mexia da Costa, de sua esposa D. Maria Augusta Mascarenhas Matos e de sua filha D. Maria Bárbara Mascarenhas de Matos.

Nos finais do século XIX a casa e a quinta circundante são então propriedade da família Aragão Barros, rica e importante burguesia rural. Embora designado “Solar de Aragão”, a população louletana chamava ao edifício “A Boavista” ou a “Sr.ª de Sant´Ana”.

Na década de 30 de 1900 o “Solar Aragão” era ocupado por descendentes da família Aragão Barros que em 1936 alugaram o edifício e a quinta circundante a religiosos jesuítas espanhóis fugidos à Guerra Civil Espanhola. Em 1932 foi extinguida em Espanha a Companhia de Jesus e esta era detentora, na província da Bética, do Seminário de S. Luís Gonzaga, em Puerto de Santa Maria (perto de Cádis). Foram esses alunos e professores jesuítas que se transferiram para Loulé e aí criaram, actual edifício nas traseiras do solar, um colégio que era frequentado apenas por alunos espanhóis. Esse estabelecimento de ensino foi chamado de Colégio de Estudos Clássicos, ou de Humanidades e Línguas Clássicas, “Gonzaga”, e chegou a ser frequentado por 76 pessoas entre sacerdotes, escolares e coadjutores.

Depois de estabelecidos no solar arrendado, os jesuítas solicitaram à Câmara Municipal de Loulé autorização para ampliarem as instalações de acordo com projecto apresentado. A sua pretensão era construir um novo edifício nas traseiras do “Solar” com frentes para a estrada de Salir e interior da Quinta da Boavista. O novo edíficio, com rés-do-chão e 1.º andar, comportaria no 1.º piso, três salas de aula, quarto quartos, sentinas e duas casas de banho, bem como um refeitório e cozinha e, no 2.º piso, destinar-se-ia a camaratas para 34 pessoas e duas sentinas. Os diversos requerimentos apresentados foram assinados por José Maria Villoslada, padre e primeiro ministro do Seminário.

Em 1939, terminada a Guerra Civil Espanhola, os jesuítas espanhóis regressaram ao seu país e a família Aragão Barros retoma o “solar”.

Nos finais dos anos 50 e inícios dos anos 60, a Comissão Carnavalesca de Loulé começa a anunciar os bailes de Carnaval para o então já conhecido como “Palácio dos Espanhóis”.

Ao longo das últimas décadas o “solar” ou “palácio”, edifício brasonado, tem sido usado para diversos fins, nomeadamente como sede de escolas de música, sítio para o Rancho Folclórico ou as Majoretes de Loulé levarem a cabo os seus ensaios e espaço de outras actividades artísticas e culturais.

Quanto à Ermida a Câmara Municipal de Loulé procedeu ao seu restauro interior e exterior nos anos de 2006/2007. Nas Actas de Janeiro de 2008, a Câmara cedeu à paróquia de S. Clemente o espaço da Igreja de Sant´Ana para que aí fossem realizados os diversos serviços eclesiásticos. A 5 de Janeiro do mesmo ano realizou-se a cerimónia religiosa de bênção do espaço da Ermida de Sant ´Ana e das respectivas imagens que nela figuram. A partir dessa data a Ermida passou a ser o local onde se realizam praticamente todos os velórios das pessoas falecidas nas freguesias de S. Clemente e S. Sebastião.

Nos séculos passados esta ermida terá servido de capela particular dos Gama Lobos e nela podia encontrar-se a imagem de Sant´Ana, a única existente em Portugal, datada de c. de 1565. Trata-se de uma figura em madeira, com 120 cm por 52 cm, cujo autor se desconhece.

 

Nota:

 

1. Para mais informações sobre este assunto consultar, por exemplo, a "Monografia do Concelho de Loulé" de Ataíde Oliveira.

23
Mai11

Ilustres Louletanos (VII) - José Alves Batalim Júnior

Lígia Laginha

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje este singelo blog decidiu homenagear um homem que será sempre querido a Loulé, pelo menos para os mais velhos e para aqueles que o conheceram e cujas circunstâncias da vida obrigaram a precisar da sua ajuda. Esse homem é José Alves Batalim Júnior, ou seja, o Dr. Batalim, médico dedicado e altruísta a quem Loulé muito deve. Natural de Monchique, foi mais louletano do que o são ou foram alguns!

 

Assim sendo:

 

José Alves Batalim Júnior, nasceu na Vila de Monchique no dia 15 de Setembro de 1927.

Frequentou a Escola Primária em Monchique e concluiu o Ensino Liceal no Liceu João de Deus em Faro. Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra em 1950, concluindo a licenciatura em 1956.

Com manifesta inclinação para a Cirurgia, opta por efectuar o Estágio Obrigatório num Serviço de Cirurgia.

Em 1958 é admitido no Internato Complementar de Cirurgia e é colocado no serviço de Cirurgia I dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Apresentou-se, em1962, a exame da Especialidade de Cirurgia Geral pela Ordem dos Médicos, tendo sido aprovado por unanimidade com distinção.

Já com o título de especialista em cirurgia, organiza uma Equipa Cirúrgica que quinzenalmente se deslocava a Loulé para observar doentes e realizar intervenções cirúrgicas já programadas.

Durante o período que estudou em Coimbra, o Dr. Batalim dedicou-se também à prática desportiva. Foi director da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra de1955 a1958. Praticou hóquei em patins e foi também dirigente desta Secção da Associação Académica.

Em 1963 decidiu voltar ao Algarve e foi admitido como médico-cirurgião do Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Loulé, do qual foi Director durante largos anos.

Após a transformação do Hospital da Misericórdia em Centro de Saúde de Loulé, passou a exercer a sua actividade como Assistente da Carreira Médica, encarregado da Consulta de Cirurgia.

Após a sua reforma por imposição de idade, foi contratado para continuar a sua actividade no Centro de Saúde de Loulé.

O Dr. Batalim e a sua esposa, Maria Augusta Mendonça Batalim, faleceram num trágico acidente de viação no dia 28 de Maio de 1999.

Em 2000 foi agraciado pelo Município Louletano com a Medalha Municipal de Mérito - Grau Ouro.

Em 2001 a Câmara Municipal de Loulé homenageou este ilustre louletano e a sua esposa com a colocação do seu busto em bronze no Largo Tenente Cabeçadas.

 

Nota:

 

1. Até sempre Dr. Batalim.

22
Mai11

Flora Louletana (I) - A Alfarrobeira

Lígia Laginha

 

 

Bom dia queridos amigos e visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje este blog marafado inaugura mais uma rúbrica que pretende dar a conhecer a flora existente em Loulé. Parecendo um assunto de menor importância, lembro-me que quando estudei em Lisboa haviam pessoas oriúndas do Norte do país que desconheciam por completo o que era uma Alfarrobeira. Assim sendo, pareceu-me interessante, sobretudo para os que não sabem o que é e como é, abordar aqui as plantas, árvores e leguminosas que povoam o nosso lindo concelho.

 

E não podia deixar de começar por essa árvore extremamente abundante, não só em Loulé, mas também, um pouco por todo o Algarve. Mesmo aqueles que estão familiarizados com a Alfarrobeira, de certo, muitos deles, desconhecem as suas origens e diversas potencialidades. Assim sendo, a marafada apurou através da wikipédia, que:

 

"A alfarrobeira (Ceratonia siliqua) é uma árvore de folha perene, originária da região mediterrânica que atinge cerca de 10 a 20 m de altura, cujo fruto é a alfarroba (do hebraico antigo al charuv (חרוב), a semente, pelo árabe al karrub, a vagem, corrupção daquele outro termo). Também é designada pelos nomes vulgares de figueira-de-pitágoras e figueira-do-egipto.

Pensa-se que as suas sementes foram usadas, no antigo Egipto, para a preparação de múmias; foram, aliás, encontrados vestígios de suas vagens em túmulos.

Pensa-se que a alfarrobeira terá sido trazida pelos gregos da Ásia Menor. Existem indícios de que os romanos mastigavam as suas vagens secas, muito apreciadas pelo seu sabor adocicado. Como outras, a planta teria sido levada pelos árabes para o Norte de África, Espanha e Portugal.

A semente da alfarrobeira foi, durante muito tempo, uma medida utilizada para pesar diamantes. A unidade quilate era o peso de uma semente de alfarroba. Era considerada uma característica única da semente da alfarroba, o seu peso sempre igual. Hoje em dia, contudo, sabe-se que seu peso varia como qualquer outra semente.

Do fruto da alfarrobeira tudo pode ser aproveitado, embora a sua excelência esteja ainda ligada à semente, donde é extraída a goma, constituída por hidratos de carbono complexos (galactomananos), que têm uma elevada qualidade como espessante, estabilizante, emulsionante e múltiplas utilizações na indústria alimentar, farmacêutica, têxtil e cosmética.

Mas a semente representa apenas 10% da vagem e o que resta – a polpa - tem sido essencialmente utilizado na alimentação animal quando, devido ao seu sabor e características químicas e dietéticas, bem pode ser mais aplicado em apetecíveis e saborosas preparações culinárias.

A farinha de alfarroba é a fracção obtida pela trituração e posterior torrefacção da polpa da vagem. Contém, em média, 48-56% de açucar, 18% de fibra, 0,2-0,6% de gordura, 4,5% de proteína e elevado teor de cálcio (352 mg/100 g) e de fósforo. Por outro lado, as características particulares dos seus taninos (compostos polifenólicos) levam a que a farinha de alfarroba seja muitas vezes utilizada como antidiarreico, principalmente em crianças."

 

E depois de este palavreado todo resta apenas dizer que a Alfarrobeira existe sobretudo a sul do Tejo e que não se dá com climas extremamente frios.

Considerada o "cacau ou chocolate do Algarve" é usada na nossa gastronomia, nomeadamente na doçaria.

Pelo seu valor, agora bem menor do que outrora, a apanha da Alfarroba continua a ser uma parte importante da vida dos algarvios marafados. Chegado o mês de Agosto ouve-se o som do varejo e do negro fruto a cair no chão. É hora de apanhar e ensacar a alfarroba e esperar para vende-la a quem oferecer um melhor preço.

 

Nota:

 

1. Muito mais haveria a dizer sobre a alfarrobeira e as suas valências, no entanto, este blog pretende apenas dar a conhecer um pouco de cada assunto. Para saber mais podem sempre consultar manuais de botânica.

 

2. Um bom Domingo para todos.

 

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