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Marafações de uma Louletana

Blog sobre Loulé e as suas gentes

Blog sobre Loulé e as suas gentes

Marafações de uma Louletana

30
Abr11

O que os algarvios comem (II) - Favas

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caríssimos visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje a marafada decidiu voltar a falar em comidinha. Afinal o que é que nos tráz de pé?? 

 

Sobretudo na época em que estamos, altura em que já estão prontas a colher, as favas são um dos pratos predilecos do povo algarvio. Enquanto planta da família das leguminosas, a fava adapta-se perfeitamente bem aos climas mediterrâneos e sabe-se hoje que é consumida desde tempos remotos. Os gregos, os romanos e alguns povos do Médio Oriente incluiam na sua alimentação a fava. A fava é muito rica em proteínas e carboidratos, embora pobre em vitaminas. Nas regiões do Interior, nos inicios da Primavera, podem ver-se as hortas repletas desta cultura e o povo a apanhar as favas que são posteriormente descascadas. Para quem desconhece a constituição da fava podemos dizer que se trata de uma planta não trepadeira que produz vagens dentro das quais se encontram as sementes comestiveis. As cascas também eram consumidas em alguns pratos em tempos dos nossos antepassados mas hoje são aproveitadas sobretudo para a alimentação do porco, da cabra ou da ovelha.

 

São muitas as formas de cozinhar as favas e os outros alimentos às quais as juntam. Alguns apreciam favas com choco, outros favas guisadas e outros ainda as chamadas favas de alhada que tem por base as favas já secas e não acabadas de colher. A marafada louletana decidiu apresentar uma receita que é retirada do site http://www.gastronomias.com e que é aquela que mais se aproxima da forma como a minha mãe prepara as favas.

 

Então aqui vai a receita de "Favas à Algarvia":

 

Ingredientes:
Para 4 pessoas

  • 800 grs de favas (descascadas) ;
  • 150 grs de chouriço preto (morcela) ;
  • 150 grs de chouriço vermelho ;
  • 2 dentes de alho ;
  • 1 quarto de dl de azeite ;
  • 150 grs de bacon ou toucinho entremeado fresco ;
  • 1 molho de coentros, rama de alho e de cebolam

Confecção:

Descasque as favas. Lave em água fria e escorra num passador.
Leve um tacho ao lume. Adicione um pouco de água, junte as favas e coza cerca de 8 minutos.
Escorra as favas e retire-as do tacho. Descasque os dentes de alho e pique fino.
Corte o chouriço preto e o vermelho ás rodas e o bacon em fatias pequenas.
Leve novamente o tacho ao lume, depois de lavado e limpo. Deite o azeite e deixe aquecer. Junte o alho e deixe alourar, sem queimar. Em seguida, junte as favas e um pouco de água. Tape e deixe cozinhar.
À parte, numa frigideira frite as carnes. Junte ás favas que estão a cozinhar e mexa envolvendo as carnes com favas. Deixe apurar.
Polvilhe com coentros, ramas de alho e de cebola picadas.


Nota:

 

1. Experimentem e vão ver como é saboroso. No caso de não terem favas frescas podem comprar congeladas e tentem usar chouriço de tipo caseiro.

 

2. Cuidado com o colesterol!

 

3. Não mandem ninguém à fava por que é falta de educação :)

 

29
Abr11

Ilustres Louletanos (V) - Pedro de Freitas

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje este blog marafado volta à rúbrica "Ilustres Louletanos" e traz-vos um defensor e apologista da sua terra Natal chamado Pedro de Freitas.

 

Pedro de Freitas nasceu em Loulé, no Largo do Carmo, em 1894. Louletano, autodidacta e escritor popular, chegou a ser apelidado de "Embaixador de Loulé", dado o seu esforço para manter vivas as tradições e feitos desta vila, hoje cidade. O primeiro contacto de Pedro de Freitas com a música, onde se destacaria maioritariamente, deu-se em 1902. Em 1903 foi viver para Faro e em 1904 para Olhão, completando a instrução primária numa e noutra localidade. Mais tarde regressa a Loulé onde se emprega como caixeiro de uma mercearia, continuando em simultâneo a aprendizagem da música na Sociedade "Artistas de Minerva". Em 1916 era ferroviário, guarda-freio dos comboios e no ano seguinte parte para a guerra, em França. Aí narra um dos episódios de guerra numa carta que alguns meses mais tarde acaba por ser publicada num jornal. A partir daí, Pedro de Freitas nunca mais deixou de escrever. Em 1926, regressado a Portugal, entra na luta pró Variante do Caminho de Ferro para Loulé, mantendo-se acerrimamente na mesma até 1946. Aquela que Pedro de Freitas descreve como a sua "maior proeza bairrista" foi, no entanto, a grande luta que travou para trazer a Loulé o Batalhão de guerra a que pertencia, o Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-ferro, comandado pelo General Raul Esteves. Conseguiu este feito e assim honrou Loulé. A visita do Batalhão e a Festa da Mãe Soberana fizeram convergir a esta cidade milhares de pessoas. Enquanto soldado do referido Batalhão, Pedro de Freitas foi construindo uma espécie de diário que deu corpo ao seu primeiro livro intitulado "As minhas recordações da Grande Guerra". Mais tarde, em 1950, com o livro "História da Música Popular em Portugal", alcançou grande sucesso mesmo em termos internacionais. Esta última obra é também dedicada pelo autor a Loulé. Em 1961, Pedro de Freitas recebe o convite do Senhor Governador Geral da Índia Portuguesa, General Vassalo Silva, para o visitar e escrever um livro. Pedro de Freitas visita então Goa, Damão e Diu e através do que observou escreveu a obra "Eu Fui à Índia". Neste mesmo ano, enquanto membro da Comissão Cultural da "Casa do "Algarve", em Lisboa, cargo que ocuparia durante dez anos, Pedro de Freitas deslocou-se à histórica aldeia de Alvor para defender a ideia da criação da Casa - Museu do Rei D. João II. Durante a sua vida activa Pedro de Freitas escreveu quinze livros, sendo um dos mais importantes "Quadros de Loulé Antigo", monografia da sua terra natal que conheceu diversas edições sendo a primeira de 1964. Pedro de Freitas faleceu no Barreiro em 1987 com 93 anos.

 

Nota:

 

1. Pedro de Freitas doou um imenso espólio à Câmara Municipal de Loulé. Esse espólio, rico em fotografias, cartas e objectos vários, encontram-se hoje no Castelo de Loulé e permite o aprofundamento dos conhecimentos acerca da história e etnografia locais.

 

2. O livro "Quadros de Loulé Antigo" embora escrito de forma apaixonada e muitas vezes instintiva não pode deixar de ser tido em conta como uma obra importante que nos leva ao Loulé dos inicios do século XX e nos transmite as vivências do autor, as tradições da época que infelizmente se vão perdendo, entre outros aspectos que fazem desta monografia um livro único para quem quer traçar a história da cidade louletana. A marafada recomenda a sua leitura.

 

28
Abr11

O que os algarvios comem (I) - A tiborna

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caros visitantes do “Marafações de uma Louletana”.


Loulé é o maior concelho dessa região maravilhosa que é o Algarve. Dividido entre o Litoral, a Serra e o Barrocal, é um concelho cuja gastronomia é rica e variada. Enquanto no Interior, Serra e Barrocal, predominam os pratos confeccionados com feijão, grão, favas, ervilhas e os doces à base de figo, amêndoa, alfarroba… no litoral podemos apreciar as cataplanas e os arrozes de mariscos vários.

Assim sendo este blog não podia deixar de vos dar a conhecer o que os marafados comem e umas dicas sobre a confecção dessas iguarias fantásticas.


Mas para começar trouxe-lhes aquilo que talvez não se possa chamar um prato na verdadeira acepção da palavra mas antes uma espécie de acepipe ou pequena degustação. A tiborna é o que nós algarvios chamamos a pão, torrado ou cru, molhado no azeite. O azeite é parte integrante da nossa dieta alimentar quase desde sempre já que a oliveira adapta-se muito bem às nossas condições climatéricas e aos nossos solos mediterrâneos. Há zonas em que ao azeite num prato alguns juntam alho e sal mas a tiborna que a marafada está habituada consiste pura e simplesmente em deitar algum azeite num prato e molhar lá o pãozinho quente. Lembra-me bem dos tempos em que a minha avó cozia o pão no forno a lenha e mal o tirava de lá fazíamos umas tibornas. Hoje a tiborna é sobretudo feita para experimentar o azeite novo, ou seja, aquele acabado de vir do lagar.

 

E pronto espero que experimentem fazer isto em casa pois não é perigoso e vão ver que descobrem novos sabores na simplicidade de um bocado de pão molhado em azeite.


27
Abr11

Conferência "Mãe Soberana dos Louletanos: A Alma de um Povo"

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caríssimos visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

O post de hoje é meramente informativo e assim sendo fiz um copy past da notícia directamente do site da Câmara Municipal de Loulé (www.cm-loule.pt). Leiam e fiquem elucidados. Acreditem que é algo a não perder, sobretudo pelos louletanos que são devotos da Mãe Soberana. Contamos com a vossa presença!

 

"A 30 de Abril, sábado, pelas 15h00, na Sala da Assembleia Municipal, João Chagas apresenta a Conferência “Mãe Soberana dos Louletanos: a Alma de um Povo”.

Na semana que antecede a Festa Grande em homenagem à Nossa Senhora da Piedade, o conferencista irá tentar responder a várias questões relacionadas com este singular culto. Como e quando surgiu esta extraordinária devoção? Como é que se desenvolveu este peculiar culto? A importância das populações rurais no desenvolvimento deste culto. Como e quando surgiu a tradição dos Homens do Andor? Qual o significado desta Imagem para os habitantes do Concelho de Loulé? Qual o significado desta Imagem no contexto da região algarvia?

 

João Romero Chagas Aleixo nasceu em Lisboa, em 1980. Depois de realizados o ensino primário, básico e liceal em Loulé, ruma até Lisboa para prosseguir os seus estudos universitários. Em Lisboa frequenta o quarto e último ano da licenciatura em Economia na Faculdade de Ciências Económicas e Empresarias da Universidade Católica Portuguesa. Interrompe a licenciatura em Economia, faltando, apenas, um semestre para finalizá-la, para se matricular no curso de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde, presentemente, é aluno finalista.

Em 2003 e 2004 integrou a Comissão das Comemorações dos 450 anos da Edificação da Ermida da Nossa Senhora da Piedade.

Em 2003 e 2004 foi co-comissário da exposição intitulada “A Nossa Senhora da Piedade na Imprensa Regional”. Em 2004 foi, ainda, co-autor do catálogo da exposição “Mãe Soberana – o culto, as gentes, o património”.

Desde de 1 de Agosto de 2007 é colaborador regular do jornal “A Voz de Loulé”, onde assina uma coluna de investigação sobre a História Local. As suas investigações incidem nos seguintes temas: o culto à Mãe Soberana, a vida e a obra do Poeta Aleixo, as filarmónicas louletanas, figuras ilustres de Loulé, entre outros temas relacionados com a História Local. Desde que iniciou a sua colaboração com “A Voz de Loulé” já assinou oitenta artigos de investigação, sendo quarenta e cinco relacionadas com o culto à Nossa Senhora da Piedade, Mãe Soberana dos Louletanos, dezasseis respeitantes ao Poeta António Aleixo, sete sobre os Artistas de Minerva, entre outras temáticas.

Em 26 de Março de 2008, a convite da Casa do Algarve em Lisboa, proferiu, no Palácio da Independência, uma conferência sobre a História da Nossa Senhora da Piedade.

Em Janeiro de 2011, a convite do Arquivo Histórico Municipal de Loulé, publicou o seu primeiro livro intitulado “Ensaios Aleixianos”.


26
Abr11

Toponímia Louletana (III) - Rua da Barbacã

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caros visitantes do “Marafações de uma Louletana”.

 

Hoje voltamos à toponímia da nossa querida cidade e falamos de um dos topónimos mais antigos da mesma: a Rua da Barbacã.

Barbacã ou barbacãs eram estruturas defensivas comuns nas fortificações medievais e que perderam relativa importância com o aparecimento da artilharia. Daí que este topónimo, segundo a obra “O castelo de Loulé” da Dr.ª Isilda Martins, esteja relacionado “com um fosso existente entre a muralha do Castelo e outra mais baixa e de menor espessura que desapareceu”.

A Rua da Barbacã, topónimo nunca oficializado pela Câmara Municipal, tem inicio no Largo Dr. Bernardo Lopes e termina na Praça Afonso III. Constitui assim um “caminho” importante para ter acesso ao centro da Cidade e todos os dias é calcorreada por dezenas de pessoas incluindo aqui pela marafada.

 

Nota:

 

1. Mais uma vez a informação aqui contida foi retirada do “Dicionário Toponímico: cidade de Loulé” da autoria de Jorge Filipe Maria da Palma. A louletana marafada recomenda vivamente este livrinho sobre as ruas da cidade de Loulé.

 

24
Abr11

O Hino da Nossa Senhora da Piedade

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caríssimos visitantes do “Marafações de uma Louletana”.


Como já foi referido neste blog hoje, Domingo de Páscoa, tem lugar em Loulé uma das mais importantes festividades do nosso concelho. A Festa Pequena em Honra da Nossa Senhora da Piedade ou Mãe Soberana para os louletanos. A nossa padroeira “desce” o cerro para durante uma quinzena ficar na Igreja de São Francisco e ser visitada pelos seus fieis. Depois regressa à sua morada na Festa Grande, festa que atrai a Loulé grande número de pessoas, algumas devotas, outras meramente visitantes curiosos por conhecer a maior festa religiosa a sul do Tejo.


Como a marafada louletana também já referiu a música, nomeadamente executada pela Banda Filarmónica Artistas de Minerva, é parte integrante e indispensável desta festa. E a música que se ouve entre brados de “Viva à Mãe Soberana” é a marcha ou hino da Nossa Senhora da Piedade que foi composto por Manuel Martins Campina em 1866. De seguida aqui fica a letra que muitos sabem de cor e gostam de cantar em homenagem da “mãe” de todos os louletanos.

 

 

 

 

 

Hino da Nossa Senhora da Piedade


Ó doce Mãe da Piedade,

Ó Maria Imaculada

Sede para sábio e rude

A nossa mãe muito amada

Sede a nossa Protectora,

Ó doce Virgem Maria.

Sede a Rainha, Senhora,

Da nossa terra algarvia.

Sede a nossa Mãe Soberana.

Nossa esperança, amparo e luz.

Sede a Guia carinhosa

Que pobres e cegos conduz.

Terra de Santa Maria,

Ó bendita Mãe de Deus,

Todo o povo em vós confia.

No mar, na terra e nos céus.

 

Notas:


1. A louletana marafada aconselha a vinda a Loulé por alturas da Festa Pequena ou Festa Grande em honra da Nossa Senhora da Piedade por estas serem festividades únicas em que a fé e a devoção se unem ao espírito profano e à alegria do povo.

 

2. E VIVA À MÃE SOBERANA!

23
Abr11

A arte de bem falar algarvio (IV)

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje a marafada louletana traz-vos mais uma rodada de "Algarviadas"

 

Divirtam-se!

 

Algarviada: Gaseada

Sinónimo: Pessoa destravada, maluca

 

Algarviada: Balaio

Sinónimo: Alcofa pequena

 

Algarviada: Calhandro

Sinónimo: Que tem as pernas tortas

 

Algarviada: Ensampado

Sinónimo: Ficar Espantado

 

Algarviada: Espinhela

Sinónimo: Coluna Vertebral

 

Nota:

 

1. Mais uma vez relembro e recomendo as obras em que podem encontrar todas estas palavras: "Algarviadas" de António Vieira Nunes que vai já e felizmente no 2.º volume.

 

2. Falem muito e bom algarvio.

22
Abr11

Património Louletano (I) - A Ermida da Nossa Senhora da Piedade

Lígia Laginha

 

 

 

 

 

 

Bom dia caros visitantes do “Marafações de uma Louletana”.


Hoje este singelo blog inaugura uma nova rubrica que diz respeito à dimensão patrimonial do Concelho de Loulé. Porque as terras louletanas são também ricas em património, sobretudo religioso, e mais uma vez o objectivo da marafada louletana é dar a conhecer um pouco das valências desta linda terra que é Loulé.


E porque no próximo Domingo terá lugar a Festa Pequena em honra da Nossa Senhora da Piedade, acontecimento já referido nesta blog, começamos por elucidar os nossos visitantes sobre a Ermida de Nossa Senhora da Piedade. É certo que à alguns anos foi construído um novo santuário para a padroeira de Loulé, no entanto, o “Marafações de uma Louletana” centrar-se-á na “velha” capela por ser pelos louletanos a eterna “morada” da Mãe Soberana.

Tendo por base as “Visitações da Ordem Militar de Santiago” de 1565 podemos saber que a Ermida de Nossa Senhora da Piedade foi construída em 1553. O lugar escolhido para a sua edificação foi o alto de um cerro que estava próximo do aglomerado urbano.

Nos finais do século XVI, o padroado deste templo passa para a Câmara de Loulé e esta edilidade assumiu a responsabilidade de organizar a festa principal que teria lugar na “segunda-feira depois das oitavas da Páscoa”.

O retábulo original da capela mor manter-se-á ao culto até princípios do século XVIII, altura em que Filipe Peixoto de Moura, como Reitor da Confraria de Nossa Senhora da Piedade, optou pela feitura de um novo retábulo em talha cuja realização ficaria a cargo do entalhador algarvio Gaspar Martins. Este retábulo seria destruído pelo terramoto de 1755, que destruiu também parte da ermida, nomeadamente a capela mor. Nos anos seguintes foi construída uma nova capela mor onde se encontra o actual retábulo de talha. Este retábulo foi construído em 1760 e a sua feitura é atribuída ao entalhador louletano João da Costa Amado. O douramento teve lugar quatro anos depois e será obra de Diogo de Sousa e Sarre.

As últimas obras de reconstrução ocorreram nos finais do século XIX com a reformulação da fachada principal.

No tecto da Ermida podemos ver um dos seis exemplares de tectos pintados com composições de perspectiva arquitectónica existentes no Algarve. A sua autoria pertence também a Diogo de Sousa e Sarre. Um interessante painel de azulejos de padrão ou de tapete percorre o lambrim desta ermida. As paredes laterais da capela mor e da nave foram ornamentadas nos finais do século XIX com dez painéis pintados sobre estuque com Cenas da Paixão de Cristo. Esta obra terá sido levada a cabo por José Porfírio, pintor de Faro.

Quanto à imagem de Nossa Senhora da Piedade esta mede 90 cm x 40 cm, medidas inseridas no formulário maneirista. Foi provavelmente executada por um imaginário farense nos finais do século XVI ou nos princípios do século XVII. Em 1764 Diogo de Sousa e Sarre estofou a imagem da padroeira.

 

Hoje em dia a Ermida foi alvo de novo restauro e existe uma réplica da imagem da Mãe Soberana presente no novo Santuário.


Nota:


1. A informação aqui contida baseia-se em dados fornecidos pelo Dr. Francisco Lameira, especialista em arquitectura e arte religiosa e com várias obras publicadas sobre o tema.


2. Muito mais haveria a dizer mas este blog pretende dar a conhecer um pouco dos aspectos mais relevantes sobre Loulé e as suas gentes e faz uma abordagem ligeira sobre cada temática. Quem tiver interesse pode sempre procurar saber mais.

21
Abr11

Horizontes do Futuro com Adelino Gomes

Lígia Laginha

 

 

 

Bem-vindos caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje o post colocado pela marafada Louletana visa apenas fazer uma chamada de atenção para o próximo "Horizontes do Futuro", inciativa levada a cabo pela Câmara Municipal de Loulé que tem trazido à nossa santa terrinha nomes como Simone de Oliveira, Santana Castilho, João Cravinho, entre outros. O próximo convidado é Adelino Gomes, jornalista conceituado que foi testemunha dos acontecimentos do 25 de Abril de 1974 e vem até Loulé falar-nos um pouco sobre isso.

A conferência "25 de Abril: o testemunho de um repórter" irá ter lugar este sábado, 23 de Abril, pelas 16h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Loulé. Adelino Gomes "evocará as suas experiências, de microfone na mão, durante os acontecimentos revolucionários, mas não deixará de fazer incursões comparativas com o papel de velhos e novos media na actualidade nacional e internacional".

Aqui fica uma breve biografia de Adelino Gomes retirada da wikipédia:

 

"Adelino Clemente Gomes (Marrazes, 10 de Agosto de 1944) é um jornalista português.

Estudou Filosofia e Direito na Universidade de Lisboa mas deixou os estudos para se dedicar ao jornalismo. Na rádio foi locutor da Rádio Clube Português e da Rádio Renascença, director de informação e realizador de programas na Radiofusão Portuguesa. Na televisão foi repórter da RTP em 1975, tendo acompanhado acontecimentos como o 11 de Março de 1975, o início da guerra civil em Angola e a guerra civil em Timor. Retomou esse dossier, no Público, jornal que ajudou a fundar, em 1989, e do qual foi director-adjunto e redactor-principal. É co-autor do disco O dia 25 de Abril (duplo álbum com a reportagem sobre a revolução) e dos livros Portugal 2020 (1998), O 25 de Abril de 1974 — 76 fotografias e um retrato (1999), Carlos Gil - um fotógrafo na revolução (2004), As flores nascem na prisão, Timor-Leste - ano 1 (2004) e co-autor de Os dias loucos do PREC (2006). Desempenhou o cargo de Provedor do Ouvinte da RDP (2008-2010) sucedendo a José Nuno Martins.

Leccionou na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa (1975-1981), na Escola Superior de Jornalismo do Porto (1986) e na Universidade Autónoma de Lisboa (1992-2002), foi formador no CENJOR - Centro de Formação Protocolar para Jornalistas e coordenou o Curso de Formação de Jornalistas e Animadores de Emissão da TSF".


 

19
Abr11

Ilustres Louletanos (IV) - Engenheiro Duarte Pacheco

Lígia Laginha

 

 

 

Bom dia caríssimos visitantes do “Marafações de uma Louletana”.


Hoje na rubrica “Ilustres Louletanos” fazemos homenagem ao Engenheiro Duarte Pacheco. Fazemo-lo antes de mais por ser uma das personalidades mais importantes que Loulé “deu à luz” e também porque hoje, dia 19 de Abril, se celebram 111 anos sobre o nascimento desse homem invulgar que foi Duarte Pacheco.


José Duarte Pacheco nasceu no seio de uma família numerosa em 1900. Órfão de mãe logo aos seis anos e de pai aos catorze recebeu apoio económico do tio. Tirará, com uma média de 19 valores, o curso de engenheiro electrotécnico no Instituto Superior Técnico no qual é professor com apenas vinte e três anos e vindo a dirigir o mesmo Instituto em 1927.

Ainda estudante alinha, em 1919 aquando do levantamento de Monsanto, no Batalhão Académico, na defesa da República. Em 1926, Duarte Pacheco tem ligações com o oficial da marinha também louletano Mendes Cabeçadas e com Cunha Leal, tendo este formado a União Liberal Republicana, que conspira na preparação do golpe militar de 28 de Maio.

Em Abril de 1928, Duarte Pacheco é nomeado ministro da Instrução, cargo que permanece apenas até Dezembro do mesmo ano. Durante este curto período de tempo é incumbido de ir a Coimbra chamar Salazar para fazer parte do governo presidido pelo General Vicente de Freitas.

Em 1932, Salazar preside pela primeira vez a um governo e nomeia Duarte Pacheco para ministro das Obras Públicas e Comunicações.

Em Janeiro de 1938 é nomeado presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Durante sensivelmente nove anos de governação, Duarte Pacheco revolucionou profundamente as obras públicas. Estabeleceu um plano urbanístico para o desenvolvimento de Lisboa, teve um papel preponderante nas infra-estruturas que regularizaram o abastecimento de água à capital, assim como nas obras portuárias, na expansão da rede rodoviária, na construção de edifícios escolares, etc.

As obras que inequivocamente permanecem ligadas ao seu nome são: a construção do viaduto de Alcântara, o estádio Nacional, os edifícios do Instituto Superior Técnico, da Casa da Moeda, do Instituto Nacional de Estatística, do Hospital Júlio de Matos, a Alameda D. Afonso Henriques e outros.

Duarte Pacheco viria a falecer em Setúbal, a 16 de Novembro de 1943, num abrupto acidente de viação. Ficou assim uma obra grandiosa a meio.

Loulé, enquanto terra natal deste notório estadista, erigiu em 1953, no dia em que se celebravam dez anos sobre a morte de Duarte Pacheco,  um monumento em homenagem ao malogrado engenheiro e à sua obra.


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