Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marafações de uma Louletana

Blog sobre Loulé e as suas gentes

Blog sobre Loulé e as suas gentes

Marafações de uma Louletana

24
Set11

O regresso do Mercadinho

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

A partir de hoje, sábado, 24 de Setembro, e até ao início de Dezembro, a Câmara Municipal de Loulé apresenta mais um ciclo de Outono da iniciativa Mercadinho de Loulé.

 

A Rua D. Paio Peres Correia e o Largo D. Pedro I, no coração da Zona Histórica da cidade, recebe cinco mercados temáticos, aos sábados, das 10h00 às 17h00.

 

Artesanato Tradicional (24 Setembro e 29 Outubro), Artesanato Urbano e Design (1 Outubro e 5 Novembro), Prazeres e Experiências (8 Outubro e 12 Novembro), Reutilização, Reciclagem e Produtos Biológicos (15 Outubro e 19 Novembro) e Antiguidades, Velharias e Coleccionismo e Artes e Livros (22 Outubro e 26 Novembro) são as temáticas propostas.

 

No dia 1 de Dezembro, na Avenida José da Costa Mealha, tem lugar edição final deste Mercadinho de Outono, com a todas as temáticas envolvidas.

 

A entrada é livre.

 

23
Set11

Visitas Orientadas ao Cemitério de Loulé

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

A Câmara Municipal de Loulé volta a associar-se às Jornadas Europeias do Património, e nos próximos dias 23 e 24 de Setembro, vai promover visitas orientadas ao Cemitério de Loulé. “Património e Paisagem Urbana” é o tema lançado em 2011 nesta iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, que envolve cerca de 50 países, no âmbito da sensibilização dos cidadãos europeus para a necessidade de proteger e valorizar as características da paisagem nas cidades, vilas e aglomerados urbanos, entendida no seu sentido mais amplo.

As visitas orientadas por Luís Guerreiro e Luísa Martins, ambos investigadores da História e Cultura local, visam ir além da ideia do cemitério enquanto espaço de pesar pelo desaparecimento de alguém. Constituem, também, fonte riquíssima de informações das localidades e das pessoas, para além da parte arquitectónica, da estatuária e obras de arte que integra. No caso de Loulé, aqui jazem figuras proeminentes da cultura local como o poeta António Aleixo ou o político e comerciante José da Costa Mealha. Durante estas visitas guiadas será feita uma alusão à vida e obra destes louletanos. Aliás, cada vez mais, um pouco por toda a Europa, os cemitérios adquiriram também esta vertente aliada ao turismo e um dos casos mais emblemáticos é o Cemitério Père-Lachaise, em Paris, que recebe diariamente muitos turistas. Refira-se que o Cemitério de Loulé foi inaugurado em 1918, por altura da pneumónica que atingiu Loulé e vitimou muitos louletanos e, também por este facto, constitui um elemento importante do património histórico concelhio e do conhecimento do passado.

 

Nota:

1. Os interessados em participar nestas visitas orientadas deverão fazer uma inscrição prévia, através da Divisão de Cultura e Museus, dcm@cm-loule.pt ou telefone 289 400 885.

 

 

2. As visitas terão lugar pelas 10h00 dos dias 23 e 24.

 

 

 

22
Set11

Flora Louletana (IV) - o carrasco

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje falamos de carrascos:

 

O carrasco é uma planta frequentemente encontrada no interior algarvio. Pertence à família das faias, na qual se inserem outras plantas como o sobreiro, a azinheira e o castanheiro.

O carrasco só excepcionalmente atinge grande porte, não passando habitualmente de um arbusto com 11,5 metros de altura.

A sua folha apresenta as duas faces de cor verde brilhante e sem pêlos. As flores surgem na Primavera e só têm um sexo. As masculinas vêm em espigas amareladas, as femininas crescem solitárias ou em pequenos grupos na extremidade dos ramos. Estas últimas, após a fertilização, transformam-se em frutos, as conhecidas bolotas, que se mantêm verdes durante muito tempo e só amadurecem no Verão ou no Outono seguintes.

Durante numerosos anos o carrasco foi usado para alimentar os fornos a cal existentes em todo o Barrocal Algarvio.

Os carrascais têm a vantagem de proteger o solo contra a erosão provocada pelas águas da chuva, dando igualmente abrigo a muitas aves e outras espécies da fauna selvagem. 

 

20
Set11

As portas de outrora - o caso das aldrabas

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Falar do património identitário de um povo é falar dos seus usos e costumes, dos seus edifícios e objectos, da natureza em que se enquadra, etc. Nesse sentido hoje decidi escrever algumas linhas sobre um objecto, a aldraba, que se encontrava presente nas portas dos nossos antepassados.

Criada com uma função diária (servia para quem chegava à porta de uma habitação anunciar a sua visita), a aldraba tinha ainda outro fim: servia de ferrolho, isto é, é necessário girar a aldraba que fazendo mover uma tranqueta serve para abrir ou fechar a porta

No tempo em que os árabes ocuparam o Algarve, algumas portas podiam ter três aldrabas que simbolizavam que no interior da casa haviam um homem, uma mulher e uma criança. Cada aldraba, segundo o sexo e a idade, tinha um tamanho e som diferenciados. 

A aldraba, diferente da "manita que é um batente, representava o contorno da mão de Fatma, a filha do Profeta Maomé, e nesse sentido, possuir tal objecto na porta de entrada da casa era uma forma de defender os seus habitantes dos maus olhados e atrair a sorte.

Hoje as aldrabas foram sendo substituídas por batentes, campainhas e puxadores. Algumas portas modernas possuem imitações quase perfeitas destes objectos que aqui adquirem uma função meramente decorativa.

 

19
Set11

No tempo dos alguidares de barro

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje decidi falar-vos de um utensílio que pouco a pouco foi desaparecendo do quotidiano devido à sua substituição pelos plásticos e esse utensílio é o alguidar de barro. Alguidar é uma palavra de origem árabe, de al-gidâr, e este utensílio foi mais um legado que os mouros nos deixaram. O alguidar de barro vermelho era uma peça essencial no ambiente doméstico dos meus pais e avós, sendo as suas utilidades inúmeras: era nele que se amassava e deixava a massa a levedar para fazer o pão, era para este alguidar que se cortavam as carnes do porco durante a desmancha, era no alguidar que se deixava o chamado “migado”, isto é, carne de porco com calda de pimentão que servia para encher a tripa do porco e fazer chouriças, era no alguidar que se lavava a loiça, etc.

Quando por descuido o alguidar se partia não era deitado fora. Chamava-se o “conserta alguidares e mais uma caterva de coisas” e este, através de uma técnica muito própria, colocava-lhe uns “gatos”, isto é, espécie de grandes agrafos que uniam as partes partidas do alguidar e o tornavam a vedar dando-lhe mais uns anitos de vida.

Haviam alguidares dos mais variados tamanhos, dependendo das tarefas a que se destinavam, e alguns ostentavam um determinado tipo de decoração.

Nos dias de hoje o plástico leva a dianteira, no entanto, por essa serra algarvia são muitos os que não dispensam o alguidar de barro.

 

Nota:

 

1. Na imagem podem ver um alguidar de barro com alguns dos "gatos" que referi.


 

18
Set11

A arte de bem falar algarvio (VII)

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje aqui a marafada traz-vos mais uma quantas palavrinhas em "algarviês" com os respectivo sinónimo por todos conhecido. 

 

Então aqui vai:

 

Algarviada: Pinguna

Sinónimo: Pingo do nariz

 

Algarviada: Moncalho

Sinónimo: Ranho a escorrer do nariz

 

Algarviada: Sevão

Sinónimo: Porco de engorda

 

Algarviada: Gafêroso

Sinónimo: Animal de má qualidade

 

Algarviada: Deslaiado

Sinónimo: Sem acção, queixinhas

 

Algarviada: Escaçilho

Sinónimo: Repreensão, descompostura

 

Nota:

 

1. Mais uma vez estas algarviadas foram retiradas da obra com o mesmo nome da autoria de António Vieira Nunes. Obra esta que, felizmente, já conta com dois volumes.

 

 

 

16
Set11

Ilustres Louletanos (XVII) - Maria Aliete Galhoz

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz nasceu em Boliqueime, no ano de 1929. Estudou no Liceu de Faro e licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É editora literária, poeta e ensaísta. Entre 1953 e 1972 foi professora do Ensino Secundário. Colaborou em pesquisas de Literatura Popular Portuguesa, tema sobre o qual publicou inúmeros estudos e fez várias conferências, no Centro de Estudos Filológicos, juntamente com Lindley Cintra e Viegas Guerreiro, no Centro de Estudos Geográficos, e no Centro de Estudos de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa. Tem colaboração dispersa nas revistas "Boletim de Filologia", "Colóquio", "O Tempo e o Modo", "Nova Renascença" e em vários jornais. Colaborou e fixou os textos de "Poemas Esotéricos" de Fernando Pessoa em 1993. No campo da investigação da Literatura Tradicional Oral Portuguesa publicou "Pequeno Romanceiro Popular Português" (1977), "Romanceiro Popular Português" (1998), "Memória Tradicional de Vale Judeu" (1996), "Memória Tradicional de Vale Judeu II" (1998), "Romanceiro do Algarve" (2005). Colaborou na edição de "Povo, Povo, Eu te pertenço" de Filipa Faísca em 2000, bem como num conjunto de volumes subordinados ao tema "Património Oral do Concelho de Loulé" em parceria com Idália Farinho Custódio e Isabel Cardigos. Escreveu três livros de poesia: "Poeta Pobre" (1960), "Décima Quinta Matinal Esquecida - "Acto da Primavera" (1967), "Poemas em Rosas" (1985). Em prosa publicou o livro de contos intitulado "Não Choreis Meus Olhos" (1971). Recebeu a Medalha Municipal de Mérito, grau prata, pela Câmara Municipal de Loulé, em 1994. Foi ainda condecorada com o título Doutora Honóris Causa pela Universidade do Algarve (1966) e com o grau honorífico de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1999).

 

15
Set11

Património Louletano (IX) - Igreja Matriz de Alte

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Hoje voltamos a abordar o património existente no Concelho de Loulé e vamos até Alte, freguesia do interior, uma das aldeias mais rústicas de Portugal, dotada de grandes tradições e rica em belezas naturais e patrimoniais. Destas últimas destaca-se a Igreja Matriz:

 

Do núcleo de imaginária existente na Matriz de Alte, composto por quinze exemplares de madeira, destaca-se a imagem de Santa Margarida. Outrora era o orago de uma pequena ermida situada na freguesia, presentemente em ruínas, no sítio de Santa Margarida.

De referir o dinamismo sugerido pela posição curvilínea do corpo e dos braços da santa e pelo dragão, de cauda agitada e boca aberta. Para além da palma de mártir, sobressai o dragão fantasiado, de grandes dimensões, que está sob os pés da santa, atributo comum aos primeiros evangelizadores de uma região idólatra.

Pelas suas características formais e iconográficas pode inserir-se na época barroca, concretamente no segundo quartel do séc. XVIII, levantando a hipótese de ter sido feito pelo melhor escultor algarvio, o mestre Manuel Martins.

Dona Bona, mulher de Garcia Mendes de Ribadaneyra, 2° senhor de Alte e 1° vidama do Algarve, terá fundado nos finais do século XIII, a igreja matriz, consagrada a Nossa Senhora da Assunção, "em acção de graças por seu esposo ter regressado da oitava cruzada à Palestina " (Isabel Raposo, Alte na roda do tempo, ed. Casa do Povo de Alte, 1995, p. 134).

O templo então construído refere-se seguramente a uma capela particular, que não estava sujeita a jurisdição do Bispo de Silves nem à Ordem Militar de Santiago, detentora do padroado dos templos existentes no termo de Loulé. Só assim se justifica não vir incluída na listagem dos benefícios taxados em 1321, respeitantes a templos localizados no bispado do Algarve.

Na Visitação da referida Ordem, de 1517-1518, é indicado a propósito do templo actualmente correspondente à igreja matriz: " achámos, por informação que disso tomámos, que a dita ermida foi fundada de novo pelos moradores de redor dela e eles a tornaram a fazer de novo como está e se faz à custa deles "(Suplemento da Revista Al'ulya, n° 5, 1996, p. 94).

Em 1534, na Visitação seguinte, continua a ser uma ermida pertencente a freguesia de S. Clemente de Loulé, cujo mordomo, Jerónimo Matoso, é morador na aldeia de Alte ( As Visitações da Ordem de Santiago ás Igrejas do Concelho de Loulé. Ed. SEC.-Faro,1993 ).

Finalmente, em 1554, já é referida pelos Visitadores de Santiago como Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e correspondentemente como sede de freguesia. (Visitação de Igrejas Algarvias da Ordem de Santiago de 1554, Ed. ADEIPA, Faro,1988).

O terramoto de 1755 provocou alguns danos neste templo, que prontamente foram reparados, destacando-se a abertura de dois óculos elípticos no frontispício e a renovação da ornamentação interior de diversas capelas.

A última grande campanha de obras foi realizada em 1829. Os responsáveis tiveram a preocupação de a sinalizar convenientemente, colocando dois algarismos dessa data de cada lado da tarja que remata o portal principal. Vejamos as intervenções então realizadas: no frontispício da igreja - a construção de uma nova empena em massa e a abertura de um janelão emoldurado de cantaria e rematado por um frontão triangular; no interior do templo - o engrossamento com argamassa das arcarias e das colunas, incluindo embasamentos, fustes e capitéis e a colocação de novos retábulos de madeira em diversas capelas.

Inexplicavelmente, o templo que estava a ser concluído em l518, já com três naves, foi reconstruído por volta de 1538, sendo então utilizado o formulário manuelino. Sobrevivem como interessantes testemunhos dessa época a cobertura abobadada da capela-mor "com três arcos e represas de pedraria" e o portal principal "com seu sobrearco e pilares de pedraria (...) e nele uma tarja com uma cruz e os Mistérios da Paixão".

Em 1554 as obras estavam praticamente prontas, faltando somente terminar o campanário, cujo portal de acesso, de verga recta com diversos emolduramentos perspectivados, já utiliza as normas renascentistas. Deste período era também o retábulo da capela-mor, já desaparecido, que constituía um interessante exemplar da talha algarvia, de marcenaria.

As quatro capelas laterais do lado do evangelho foram ornamentadas com talha entre 1751 e 1789, período em que vigorou na região algarvia o formulário Rococó.

Desses retábulos sobressai o da capela do Morgado, em cujo remate se ostenta o brasão dos Condes de Alte. Trata-se do exemplar mais erudito, com planta em perspectiva côncava, estrutura tetrástila com banco, corpo e ático. As colunas têm o fuste compósito e o vocabulário ornamental acusa duas fases distintas, uma com concheados e cabeças de anjos e outra mais tardia, provavelmente resultante de uma intervenção oitocentista.

Os restantes retábulos são mais modestos, parecendo ter sido executados pela mesma oficina, de modesto estatuto. Apresentam planta plana ou recta, estrutura tetrástila mas sem colunas, prolongando-se a talha pelo arco.

Dos nove retábulos que ornamentam as capelas deste templo, somente o de Nossa Senhora do Monte do Carmo se integra na época barroca, tendo sido construído entre 1735 e 1751, período em que vigorou na região algarvia formulário `joanino".

Desconhece-se o responsável pelo risco e pela feitura da talha. Trata-se, no entanto, de um artista farense de muita cotação, provavelmente Tomé da Costa, genro e continuador da oficina de Manuel Martins.

Apesar de se tratar de um exemplar de modestas dimensões, utiliza a tipologia mais frequente no Algarve: planta plana, composição tetrástila com banco, corpo e ático. A ornamentação utiliza principalmente a folhagem de acanto, tratada com exuberância. As colunas têm o fuste compósito, prenúncio da transição para o Rococó.

Num anexo da igreja matriz, onde se expõe um pequeno núcleo museológico de arte sacra, encontram-se duas tábuas maneiristas, que parecem cobrir pintura muito mais antiga. Representam S. Lourenço e S. João Baptista, necessitando ambas de uma urgente intervenção de conservação e consolidação.

Devem ter pertencido ao retábulo outrora existente na capela lateral do lado da epístola, dedicado a S. Sebastião, tendo sido substituídas no século XIX por telas com representações idênticas.

Apesar de se desconhecer a identidade do mestre que as pintou, elas foram seguramente executadas, nos finais do século XVI, por uma oficina local, provavelmente sediada na cidade de Tavira, pois apresentam semelhanças com uma tábua existente na Igreja Matriz de Santiago desta cidade.

O intradorso da capela lateral do lado da epístola, dedicada a S. Sebastião, está revestido com azulejos de superfície lisa, de padrão polícrome, identificados por Santos Simões como exemplares de fabricação sevilhana do último quartel do século XVI, misturados com alguns exemplares da primeira metade do século XVI.

A escadaria de acesso ao púlpito foi revestida com azulejos figurativos reaproveitados da capela de Nossa Senhora do Carmo, provavelmente após o terramoto de 1755.

Os azulejos mais interessantes encontram-se nas paredes laterais e na cobertura da capela-mor. Representam anjos músicos rodeados por nuvens e cabeças de serafins. Foram colocados neste templo na primeira metade do século XVIII, provavelmente pelos irmãos Borges, os principais assentadores.

 

14
Set11

Lendas Louletanas (II) - A Lenda da Castelã de Salir

Lígia Laginha

 

Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".

 

Já aqui falamos de Salir, do seu Castelo e de como esta terra louletana está impregnada de vestígios do tempo em que os mouros estiveram por aquelas bandas. Essa ocupação árabe torna Salir numa terra de mouras encantadas e por isso vos trago hoje uma lenda que é bem conhecida por todo o Concelho de Loulé: A Lenda da Castelã de Salir.

 

A vila de Salir, no Algarve, deve o seu nome à filha do alcaide de Castalar, Aben-Fabilla, que fugiu quando viu o seu castelo ameaçado pelo exército de D. Afonso III. Antes de fugir, o alcaide enterrou todo o seu ouro, pensando vir mais tarde resgatá-lo.

Quando os cristãos tomaram o castelo encontraram-no vazio, à excepção da linda filha do alcaide que rezava com fervor que tinha preferido ficar no castelo e morrer a “salir”. De um monte vizinho, Aben-Fabilla avistou a filha cativa dos cristãos e com a mão direita traçou no espaço o signo de Saimão, enquanto proferia umas palavras misteriosas. Nesse momento, o cavaleiro D. Gonçalo Peres que falava com a moura viu-a transformar-se numa estátua de pedra. A notícia da moura encantada espalhou-se pelo castelo e um dia a estátua desapareceu.

Em memória deste estranho fenómeno ficou aquela terra conhecida por Salir, em homenagem pela coragem de uma jovem moura. Ainda hoje no Algarve se diz que em certas noites a moura encantada aparece no castelo de Salir.

 

Nota:

 

1. Retirado do site Lendas de Portugal.

 

 

13
Set11

O que os algarvios comem (XV) - Conquilhas à Algarvia

Lígia Laginha
Bom dia caros visitantes do "Marafações de uma Louletana".
Hoje trago-vos um prato muito apreciado pelas gentes algarvias sobretudo como entrada.
Também apelidada de condelipa e de uma série de outras designações, a conquilha é o nome vulgar de bivalves do género Donax. Vivem junto à rebentação do mar, enterrados na areia, a uns poucos centimetros de profundidade. Encontram-se nas praias do Algarve e são relativamente fáceis de capturar, sem ser necessário qualquer instrumento auxiliar. Actualmente, a conquilha é considerada como uma boa entrada para o almoço ou jantar.
Então aqui fica a receita de conquilhas à algarvia:

Ingredientes:
Para 4 pessoas

  • 1 kg de conquilhas ;
  • 2 colheres de sopa de azeite ;
  • 3 dentes de alho ;
  • coentros ;
  • limão ;
  • pimenta

Confecção:

Lavam-se as conquilhas e põem-se de molho em água com sal durante 12 horas (2 marés).
Cortam-se os alhos em rodelas e alouram-se no azeite. Juntam-se as conquilhas e deixam-se abrir sobre lume brando mexendo de vez em quando.
Retiram-se imediatamente do lume (para não secarem) e polvilham-se com coentros picados e pimenta e regam-se com sumo de limão.
Servem-se com gomos de limão.

 

Nota:

 

1. Et voilá. Bon apetit!